“Não escolhi a enfermagem, sem dúvida foi a enfermagem quem me escolheu”. Essas são as palavras da enfermeira Monaliza Sena Oliveira, 31 anos, que atua no Posto de Saúde da Família (PSF 2), em Boa Vista do Tupim, na Chapada Diamantina. Além de atuar na sede, a enfermeira atende duas comunidades: assentamento Aliança e comunidade das Trezentas. A jovem enfermeira conta diariamente com as adversidades da profissão, e o que chamou atenção foi a utilização de um jegue para otimizar o serviço.
“[É para] cumprir de forma rápida e dinâmica a aplicação da vacina contra a influenza e a distribuição dos kits de proteção contra o coronavírus [máscara de proteção e álcool em gel] bem como orientar sobre a importância de cumprir as medidas de proteção contra a covid-19”, conta a Monaliza em entrevista ao Jornal da Chapada. Ela explica que “Boa Vista do Tupim é de grande extensão rural e que para o deslocamento até as comunidades, o município oferece veículos e leva em média de 40 minutos até a comunidade mais distante”.
Entretanto, “existem algumas fazendas, sítios e residências com difícil acesso a veículos, sendo necessário o deslocamento a pé e de motocicletas”. A jovem enfermeira ressalta o empenho da gestão municipal aos profissionais da linha de frente. “A gestão tem tido comprometimento e responsabilidade para com nós profissionais, tem nos fornecido equipamentos necessários para que possamos realizar as atividades de maneira segura, tanto para nós e para a comunidade de modo geral”, salienta Oliveira.
Ela relata sobre como essas comunidades distantes têm enfrentado a pandemia e sobre a valorização da equipe de saúde para que a população seja alcançada. “De modo geral, os pacientes têm demonstrado preocupação e, ao serem questionados sobre como acham que devem agir diante da pandemia, claramente repetem nossas orientações e ficam felizes ao receber os kits de proteção. Eles notam nosso esforço, enquanto equipe, para alcançar todas as famílias”.
Monaliza frisa que se sente realizada com o trabalho que faz e fala sobre os enfrentamentos diários para levar bem-estar à população. “Sem dúvida foi a enfermagem quem me escolheu para atuar nessa área tão importante e muitas vezes com tarefas tão árduas no dia a dia, mas que trazem alívio para nossos corações quando conseguimos atingir nossos objetivos e alcançar todos os pacientes levando até eles atendimento humanizado, com respeito, empatia e, acima de tudo, com amor pelo trabalho que nos propomos fazer”.
Quando sua atuação termina no dia, a enfermeira enfrenta sua vida pessoal, com medos, receios, preocupações, principalmente neste momento delicado de enfrentamento a uma doença que tem feito milhares de vítimas no mundo. Ela nos conta “que tem sido um tanto quanto exaustivo. Para além da preocupação com a comunidade, existe também a preocupação comigo mesma, o receio pela exposição diária, o cansaço físico e mental que a profissão provoca em nós, mas por outro lado é tão gratificante poder exercer a enfermagem nesse momento, enfrentar uma pandemia que não estava em nossos planos”, revela.
“Já que chegamos até aqui precisamos nos doar inteiramente para vencermos juntos essa luta contra o coronavírus. Sem dúvida a maior recompensa são os sorrisos em forma de agradecimento daqueles que mais precisam de nós por estarem mais distantes e consequentemente mais isolados, mas que são lembrados e cuidados por uma gestão que se preocupa com seu povo, gestão essa da qual me orgulho e sou grata por fazer parte. Agradeço aos meus colegas de trabalho, minha equipe do PSF 2, os demais enfermeiros que estão à frente das outras Unidades de Saúde e as equipes de modo geral”, completa Monaliza.
Laisa Brito para o Jornal da Chapada