Uma nova espécie de rã foi descoberta na Chapada da Diamantina. O anfíbio, que é endêmico da região, recebeu o nome de ‘Pristimantis rupícola’, justamente por conta do hábito de viver nas pedras do local. O nome científico vem do latim ‘rupis’, que significa pedra, e ‘cola’, que significa habitante. Segundo o herpetólogo Pedro Taucce, só do gênero ‘Pristimandis’, foram cinco espécies descobertas em 2020.
”Só que é muito árduo conseguir provar para a comunidade científica que tal animal é realmente diferente de todos os outros já descritos”, explica o biólogo ao portal G1. O fato do pequeno anuro, que mede cerca de 25 mm, viver nas pedras e não nas folhas, como grande parte das outras rãs do gênero, foi o que chamou a atenção de biólogos do país todo.
“Quando o pesquisador Felipe Leite encontrou o bicho logo percebeu que ele era diferente dos outros, porque parecia e vivia nas pedras. Normalmente as rãs desse grupo possuem um dorso que lembra as folhas e vivem no chão”, comenta o Taucce. O trabalho de realizar o reconhecimento da espécie foi liderado por Pedro e começou em 2018.
Por essa rã fazer parte do maior gênero entre todos os vertebrados, conhecido como Pristimantis com mais de 550 espécies, foi preciso analisar com cuidado o material genético do animal, encaixá-lo em um determinado grupo com características semelhantes e compará-lo com outras 35 espécies desse grupo para ter certeza de que a rã se diferenciava de cada uma delas.
A nova rã é parte de um grupo de anuros conhecido como Terrarana. A principal característica é que não há fase de girino, os ovos são colocados em ambientes úmidos (não em água) e o filhote já nasce desenvolvido. “A minha parte foi a taxonomia. Eu tive que analisar DNA, pesquisar dezenas de artigos até do século passado, procurar outros animais em museus, etc. É um trabalho árduo, demorado e muito detalhado, mas vale a pena”, confessa o biólogo.
Pra o pesquisador, a necessidade de conhecer é importante para conseguir conservar. “Sabemos que a Chapada da Diamantina é um lugar explorado pelo turismo, que tem atividades de pecuária e agricultura, então quanto maior a quantidade de informações sobre os bichos, mais podemos tentar garantir a segurança deles”, reforça Pedro Taucce.
Em 2018, estimou-se que cerca de 1.050 espécies viviam por aqui, mas pesquisadores acreditam que esse número tenha aumentado, já que somente neste ano outras 10 foram descobertas. Uma dessas cinco espécies foi reconhecida perante os profissionais do mundo todo em uma publicação no final de maio deste ano, depois dos esforços de sete pesquisadores de quatro universidades do Brasil: UNESP, UFBA, UFV e UFMS. Jornal da Chapada com informações do G1.