Com o anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (25) de que Carlos Alberto Decotelli será o novo ministro da Educação, os militares passaram a ocupar seu 11º ministério no governo do ex-capitão. O cargo estava vago desde a “fuga” de Abraham Weintraub para os Estados Unidos.
Decotelli esteve nos bastidores do governo desde o período da transição por indicação dos militares e comandou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) entre fevereiro e agosto de 2019. Bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina, Decotelli é financista e foi criador de cursos de MBA, Gestão Financeira Corporativa e Finanças Corporativas.
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Oficial da reserva da Marinha, o novo ministro representa mais um avanço dos militares sobre pastas chave do governo. Desde o início do mandato de Bolsonaro, a farda tomou conta da Casa Civil (Walter Braga Netto), da Saúde (Eduardo Pazuello) e agora da Educação, além das pastas já dominadas pelos militares. No total, são 11.
O economista também é próximo do círculo de Paulo Guedes, ministro da Economia. Os dois atuaram juntos na criação dos cursos de MBA em Finanças no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC).
Levantamento realizado pelo Metrópoles em agosto do ano passado mostra que entre 5 de fevereiro e 24 de agosto, Decotelli fez uma viagem a cada quatro dias em que esteve no comando do FNDE – 38 dos 169 dias. Segundo o Portal da Transparência, o governo federal desembolsou R$ 67 mil com os deslocamentos.
O presidente da União Nacional dos Estudantes, Iago Montalvão, criticou a chegada de Decotelli. “O novo Ministro da Educação não tem praticamente nenhuma experiência ou proximidade com a educação, a não ser ter sido presidente do FNDE há alguns meses atrás, em que é acusado de ter gastos abusivos com viagens. Bolsonaro entrega o MEC ao mercado financeiro”
A historiadora Flávia Calé, presidenta da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) também comentou sobre o novo ministro. “O Brasil tem novo Ministro da Educação. Carlos Alberto Decotelli. Seu histórico vinculado aos estudos de finanças e participação no mesmo círculo de Paulo Guedes, não pode levá-lo a obedecer lógica de mercado em detrimento do projeto de educação que valorize seu caráter público”, declarou.
Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da USP e membro da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, alertou para uma preocupação tripla. “Carlos A. Decotelli é o novo Ministro da Educação. É desconhecido, embora tenha sido presidente do FNDE. Tem respaldo de militares e de Paulo Guedes. Ou seja, preocupada triplamente: militarismo, corte de recursos e incetivo à privatização. Sob Bolsonaro, não vai ter nome bom”, afirmou. As informações são da Revista Fórum.
O novo Ministro da Educação não tem praticamente nenhuma experiência ou proximidade com a educação, a não ser ter sido presidente do FNDE há alguns meses atrás, em que é acusado de ter gastos abusivos com viagens.
Bolsonaro entrega o MEC ao mercado financeiro.
— Iago Montalvão 🇧🇷 (@iago_montalvao) June 25, 2020
Carlos A. Decotelli é o novo Ministro da Educação. É desconhecido, embora tenha sido presidente do FNDE.
Tem respaldo de militares e de Paulo Guedes. Ou seja, preocupada triplamente: militarismo, corte de recursos e incetivo à privatização. Sob Bolsonaro, não vai ter nome bom.— Daniel Cara (@DanielCara) June 25, 2020
O Brasil tem novo Ministro da Educação. Carlos Alberto Decotelli. Seu histórico vinculado aos estudos de finanças e participação no mesmo círculo de Paulo Guedes, não pode levá-lo a obedecer lógica de mercado em detrimento do projeto de educação que valorize seu caráter público.
— Flávia Calé (@FlaviaCale) June 25, 2020