A banda de rock ‘Traumatismo’ lançou nesta sexta-feira (14) o CD homônimo pelo selo ‘SoteroRock’. O trabalho do grupo baiano estará disponível nas plataformas digitais ‘Bandcamp‘ e ‘Tocaia’, além do site www.traumatismooficial.com.br, que foi lançado junto com o disco.
Gravado há 22 anos no ‘Periferia Estúdio’, em Salvador, sob a direção musical do guitarrista Marcos Gordo, o CD retrata uma época em que o politicamente correto ainda não estava em voga. Talvez, por isso, o grupo, formado por Adrian ‘Knock Down’ (baixo), Decão (bateria), Henrique Takanose (guitarra), Marcos Gordo (guitarra) e Maurício Matos (vocal), pôde gravar músicas pesadas e com letras contundentes, que, hoje, certamente, seriam classificadas como “inapropriadas”.
Com 12 músicas, 11 autorais e um cover, e com letras sob forte influência do grupo ‘Camisa de Vênus’ e do cantor e compositor Raul Seixas, o trabalho do ‘Traumatismo’ apresenta uma sonoridade visceral que mistura diversas vertentes do heavy metal e punk rock dos anos 1980 e 1990, com destaques para os ‘trampos’ de guitarras de Marcos Gordo e Henrique Takanose.
Músicas como a apocalíptica ‘Juízo Final’, ‘Preciso Morrer’, ‘IML’, ‘Não sabe’, ‘MacomBRas’, ‘Atirando no Espelho’, ‘Madruga na Esquina’ e ‘Disfarçada’ são destaques no CD. Esta última, nos dias de hoje, seria um prato cheio para discussões acaloradas nas redes sociais devido à letra ser ‘101% politicamente incorreta’ como manda o manual de qualquer ‘rocker old school’ que se preze.
Além de ‘O Muro’, canção que fecha o CD com citações na introdução e solo de ‘Crazy Train’, um clássico do Ozzy Osbourne que o ‘Traumatismo’ fez questão de pegar “emprestado” a título de homenagem. O disco conta ainda com a participação especial de Ademar Andrade, líder e tecladista da banda Furta Cor, na faixa ‘Não Sabe’, um ‘doom metal’ de primeira classe.
A banda ainda gravou uma versão de ‘Negue’, composição de Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos, imortalizada nas versões dos cantores Nelson Gonçalves e Maria Bethânia e regravada também pelo grupo ‘Camisa de Vênus’. Com mais virtudes do que defeitos, o CD mostra o quanto era rico o universo da música feita em Salvador naquela época, mesmo com a ditadura cultural imposta pela indústria musical que, por décadas, ceifou a carreira de todo e qualquer artista baiano que não se enquadrasse no ‘triunvirato’ axé, pagode e forró.
“Quem esperar por execuções perfeitas do CD do ‘Traumatismo’ vai se decepcionar”, diz o vocalista da banda, Maurício Matos, ao salientar que o álbum foi gravado numa era anterior ao ‘Pró Tools’ e a todos os programas que deixam as gravações atuais sem nenhuma possibilidade de erros. “O que se ouve nos 36 minutos do disco é muito ‘feeling’ e coragem para fazer um disco de Rock com R maiúsculo”, diz.