A jornalista Flávia Oliveira, do grupo Globo, escreveu um artigo criticando o presidente Jair Bolsonaro por ter defendido na ONU que o Brasil é um país “cristão e conservador”. O ex-capitão chegou a usar o termo “cristofobia” para atacar uma suposta perseguição aos cristãos no país. O texto de Flávia foi publicado no jornal O Globo, nesta sexta-feira (25).
No artigo, a jornalista afirma que “uma só fé” não define a nação e lembra que as religiões de matriz africana são as mais perseguidas no Brasil. “O Brasil fez uma escolha conservadora nas urnas em 2018. É um país com muitos cristãos — católicos, protestantes e neopentecostais são maioria —, mas em lugar algum está escrito que uma só fé define a nação”, escreveu e a jornalista.
“Ao manifestar em palco global empatia seletiva com o cristianismo, Bolsonaro desconsidera informações oficiais de seu próprio governo”, continua em outro trecho. “Desde 2011, estatísticas do serviço Disque 100, que recebe denúncias de violação aos direitos humanos, atestam que religiões de matriz africana são os principais alvos de ataques e agressões no país”, continua.
Em seguida, Flávia apresenta dados que comprovam a perseguição às religiões afro-brasileiras. “Em 2019, contabilizou 410 queixas relacionadas à intolerância religiosa. Das 302 em que os cultos foram informados, 179 (seis em dez) referiam-se a religiões afro-brasileiras. Contra a umbanda houve 91 ocorrências; candomblé, 59; 26 indicaram genericamente matriz africana”, afirma a jornalista.
Para Ronilso Pacheco, teólogo e pastor auxiliar na Comunidade Batista em São Gonçalo – autor de “Ocupar, Resistir, Subverter” (2016) e “Teologia Negra: O sopro antirracista do Espírito” (2019) – o termo “cristofobia” foi cunhado “como ressentimento, deboche e negação do conceito de homofobia”.
“‘Cristofobia’ é palavra-xingamento, é ignorância e insensibilidade dos que querem continuar se escondendo atrás da religião para hostilizar minorias sociais, impedir o reconhecimento de direitos e seguir vivendo em um mundo em que ataques, preconceito e ofensas sejam postos na conta da ‘liberdade religiosa’ cristã”, diz o teólogo em artigo nesta quarta-feira (23) no portal Uol. Redação do site da Revista Fórum.