Dois angolanos foram vítimas de ultraviolência em Maringá, no Paraná, em uma loja de bebidas na zona sul da cidade. Um dos agressores, funcionário do local, e ex-policial militar, Nilson Roberto Pessuti Filho, ainda perseguiu os imigrantes um dia após o ocorrido e publicou em redes sociais novas ameaças. “Esses vagabundos, não importa se são negros, angolanos, haitianos. Vieram lá da terra deles, para causar confusão. Se algum dos meus for prejudicado por causa desses marginais, aí vocês vão ver o satanás”, disse Nilson. O caso foi registrado no último final de semana e teve repercussão nacional.
Segundo informações publicadas pelos G1, o delegado responsável pelo caso Diego de Almeida disse está investigando para entender se “a motivação tem uma conotação racista ou não. Se tiver comprovado isso, também tem um outro crime de racismo, que a gente deverá avaliar e apurar nesse sentido”, salienta o delegado. O fato aconteceu quando os primos angolanos que já residem no Brasil há sete anos, pagaram cinco cervejas, adiantando seu consumo, para ir retirando aos poucos na loja.
No momento em que foram buscar a última bebida, o segurança da loja deu início a uma discussão e começou a agredir com socos o rosto de um dos angolanos. “Deixa eu entrar para pegar a cerveja então. Aí ele começou a me xingar, eu retruquei o xingamento dele, e ele já começou a agressão”, conta uma das vítimas. As cenas dos registros das câmeras mostram um grupo de homens, além dos seguranças, espancando os angolanos e, em seguida, arrastando as vítimas, desacordadas, para fora da loja. Um deles precisou ser atendido no Hospital Universitário com ferimentos graves.
Um dia após o ocorrido voltaram ao local para falar com o responsável pelo estabelecimento, mas o que conseguiram foi mais ameaças do ex-policial seguida de perseguição, até quando os angolanos e seus amigos conseguiram ajuda num prédio no percurso. Registros das câmeras de segurança da prefeitura identificaram o segurança e ex-policial Nilson coagindo os rapazes novamente. A Polícia Civil afirma que os envolvidos serão chamados para depoimentos, após ser registrada o boletim de ocorrência sobre o caso na última segunda-feira (9).
“A defesa do estabelecimento, diz que ‘eles não queriam respeitar a fila’. Aconteceu, depois da discussão, de eles acabarem invadindo e agredindo um dos seguranças”, acusa os imigrantes de serem responsáveis pelo início da confusão. O advogado dos angolanos, Mário Henrique Alberton, comenta que “as agressões foram brutais, covardes e com risco de vida. Vamos tomar todas as medidas cabíveis para apurar a responsabilidade dos agressores. Essa será a forma de dissuadir outras pessoas que pensem igual para que isso não ocorra mais”, salienta. Jornal da Chapada com informações do G1.