Contratado para ser sócio da consultoria Alvarez & Marsal (A&M), com sede nos Estados Unidos, o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Sérgio Moro, respondeu a críticas de internautas e afirmou que não atuará em “casos de potencial conflito de interesses”.
A empresa administra a quebra das empreiteiras Odebrecht e OAS, empresas que foram alvo da Operação Lava Jato, que ele comandou quando ocupava o cargo de juiz federal em Curitiba. O ex-ministro vai trabalhar na área de “Disputas e Investigações” da consultoria.
“Ingresso nos quadros da renomada empresa de consultoria internacional Alvarez&Marsal para ajudar as empresas a fazer coisa certa, com políticas de integridade e anticorrupção. Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses”, disse ele no Instagram.
Moro deixou o ministério da Justiça em abril deste ano, após Jair Bolsonaro exonerar o então diretor-geral da Polícia Federal, Mauricio Valeixo. O ex-juiz pediu demissão e denunciou crime de responsabilidade. As revelações levaram o Supremo Tribunal Federal a abrir investigação sobre uma suposta tentativa de interferência na PF por Bolsonaro.
Ingresso nos quadros da renomada empresa de consultoria internacional Alvarez&Marsal para ajudar as empresas a fazer coisa certa, com políticas de integridade e anticorrupção. Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses. https://t.co/089Q53ZHpf
— Sergio Moro (@SF_Moro) November 30, 2020
A fala de Moro de que não atuará em casos de conflitos de interesses levanta várias suspeitas, principalmente, entre os setores progressistas do país devido a irregularidades cometidas por ele quando julgava os processos da Lava Jato em primeira instância jurídica. Como mostraram reportagens da Vava Jato, produzidas pelo site Intercept Brasil, Moro agia como uma espécie de assistente de acusação, feria a equidistância entre quem acusa e quem julga um caso.
O ex-juiz questionou, por exemplo, a capacidade de a procuradora Laura Tessler interrogar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sugeriu mudanças na ordem das fases da Lava Jato e destacou para colegas do Ministério Público Federal (MPF-PR) a falta de informações na denúncia contra Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobrás.
Moro também condenou Lula no processo do triplex em Guarujá (SP). O ex-presidente foi acusado de ter recebido um imóvel como propina da OAS, mas nunca dormiu no local. Nem tinha a chave. Ao apresentar a denúncia em 2016, o MPF-PR reconheceu a falta de “provas cabais” no processo.
O então juiz recebeu e aceitou, ainda na campanha eleitoral de 2018, o convite da equipe de Bolsonaro para ser ministro, numa clara demonstração de parcialidade judicial. As informações são do portal Brasil 247.