O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já gastou quase R$90 milhões com a compra de medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da covid-19, como cloroquina, azitromicina e o Tamiflu, segundo levantamento da BBC News Brasil. Ao mesmo tempo, ainda não pagou o Instituto Butantan, que entregou as primeiras doses de vacinas aplicadas no país.
Desde o início da pandemia, tanto o presidente da República quanto o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, defenderam o chamado “tratamento precoce” para a covid-19 – ou seja, o uso de medicamentos como os citados acima nas fases iniciais da doença. Em diversos estudos, no entanto, as substâncias se mostraram ineficazes.
Até agora, os gastos da União com cloroquina, hidroxicloroquina, Tamiflu, ivermectina, azitromicina e nitazoxanida somam pelo menos R$ 89.597.985,50, segundo dados obtidos junto a fontes públicas.
Em dezembro de 2020, o Ministério da Saúde assinou um convênio com o Instituto Butantan, ligado ao governo do Estado de São Paulo, para investir na “aquisição dos equipamentos para o centro de produção multipropósito de vacinas”.
O valor do contrato era de R$ 63,2 milhões, que ainda não foram pagos. Além disso, o governo federal comprará as doses da CoronaVac produzidas pelo Butantan, mas o pagamento também não foi feito.
Em nota enviada à BBC News Brasil no começo da semana, o Ministério da Saúde informou que pagará ao Butantan depois da entrega das 100 milhões de doses da vacina contratadas.