O menino de 11 anos que era mantido acorrentado em um barril em Campinas, interior de São Paulo, era alimentado com casca de banana e fubá cru. As informações são de policiais que participaram do resgate da criança. Ainda segundo a polícia, a criança foi obrigada a comer fezes em momentos de desespero. O Conselho Tutelar já acompanhava o caso há, pelo menos, um ano e vai apurar se houve falha.
Os policiais chegaram no local após denúncia de vizinhos. O menino estava nu, dentro de um barril de metal fechado com uma peça pesada de mármore. O vídeo do momento em que ele é encontrado mostra que a criança mal conseguia se mexer quando foi encontrada. Ele tinha a cintura, pés e mãos acorrentados. O menino estava há quase cinco dias sem comer, segundo a polícia.
De acordo com a Polícia Civil, o pai disse em depoimento que o filho é muito agitado, agressivo e fugia de casa. Ele alegou que fez isso para educar o menino. A corporação diz que foi acionada após moradores da região perceberam que o garoto havia deixado de ir para a escola e de brincar com outras crianças do bairro.
No barril, o menino ficava impossibilitado de sentar ou agachar e, com isso, também apresentava pernas inchadas. Os policiais usaram um corta-fios para remover as correntes. Três pessoas foram presas: o pai do menino, a namorada dele e a filha desta mulher. A princípio, o homem responderá pelo crime de tortura e as mulheres serão responsabilizadas apenas pela omissão. As penas podem variar de dois a oito anos de prisão.
Conselho tutelar
A polícia apurou que o garoto era mantido em situações similares há pelo menos sete anos, quando foi adotado pela família. A mãe biológica afirmava que o homem era o pai biológico do garoto. Um teste foi feito na época, constatando que não era verdade. Mesmo assim, a mãe abandonou o menino com este homem, e ele foi adotado pelas vias oficiais.
Em entrevista coletiva na tarde deste domingo (31), o conselheiro tutelar Moisés Sesion afirmou que houve uma falha no acompanhamento do menino. Ele, que se disse chocado com o caso, explicou que, assim que o Conselho recebe uma informação de que uma família está em situação de vulnerabilidade, encaminha o caso para órgãos responsáveis.
No caso do menino, ele é acompanhado por profissionais ligados ao Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) e o Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (Caps-IJ), para a avaliação de uma possível doença psiquiátrica.
Réveillon por ‘buraco da parede’
Em relato feito à equipe de enfermagem do Hospital Ouro Verde, onde segue internado com quadro de desidratação severa, o menino disse que viu o réveillon por um buraco na parede que foi aberto para que ele pudesse respirar.
“Ele disse que viu os fogos de artifício da virada do ano pela fresta que ele tinha acesso, mas dentro do barril”. “O garoto disse que o pai jogava água sanitária e água fria para dar banho nele. Aquilo me fez chorar”, relatou uma integrante da equipe de saúde. As informações são do site Pragmatismo Político.