As redes sociais estão borbulhando com opiniões a respeito de vídeos e postagens sobre carros e motos movidos a água, na verdade movidos a hidrogênio, obtido a partir de um processo de eletrolise da água. No último mês (fevereiro) antigas notícias sobre a proeza de dois brasileiros que desenvolveram sistemas automobilísticos para o uso da água como combustível dividiram as opiniões.
Uma das reportagens, realizada em 2018, por uma afiliada do SBT na Paraíba, contou a história Sandro Alves de Oliveira, um morador de Alagoa Nova, no brejo paraibano. O protagonista, de 37 anos, montador de antenas e analfabeto, desenvolveu um sistema através de um reator de alumínio para extrair moléculas de hidrogênio provenientes da água, para abastecer sua motocicleta durante o período de greve dos caminhoneiros. A reportagem foi veiculada por diversas mídias inclusive o site da Globo, o G1.
“É um gás limpo, não é um gás poluente, a gasolina polui o meio ambiente, a água não”, disse Sandro em entrevista à emissora SBT. Entretanto, essa notícia não era nova. Três anos antes, uma reportagem realizada por outra afiliada do SBT no Espírito Santo enalteceu Roberto, analista de sistemas e morador da cidade, que havia adaptado uma célula de hidrogênio para que seu carro pudesse operar ‘movido a água’. “Nosso objetivo é contribuir com a sociedade, para que esse projeto vire domínio público […], para que todo brasileiro consiga sair dessas altas de combustível, que é um absurdo”, salienta Roberto.
Esse tipo de sistema não é uma novidade e tampouco uma criação dos acima mencionados, que prometem uma autonomia de 1.000 quilômetros com apenas um litro de água. O professor Fernando Lang da Silveira, do Centro de Referência do Estudo de Física (CREF), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, salienta que “produzir hidrogênio por eletrólise da água demanda uma fonte de energia elétrica e esta não é gratuita”, para ele tal autonomia seria tão pouco provável quanto realizar o feito com um litro de gasolina. Ademais, “iniciativas de carros movidos a água foram financiadas em muitas oportunidades pelo governo do Rio Grande do Sul e acabaram ‘dando com os burros na água’”, complementa.
A despeito das divergentes respostas a este assunto, fato é que o combustível alcançou os maiores preços já vistos nos postos desde a implementação do plano real. A Petrobrás anunciou, recentemente, o quinto reajuste para o preço dos combustíveis e gás de cozinha em 2021. A gasolina aumentou em 4,8%, o diesel em 5% e o gás de cozinha em 5,2%. Em 19 de fevereiro, o diesel subiu 15% e a gasolina 10%, isso totaliza uma alta de 41% para a gasolina, 33,9% para o diesel e 17,1% para o gás de cozinha.
Em nota, a Petrobras afirmou que o encarecimento dos produtos segue a política de paridade com o preço internacional adotada pela empresa e não necessariamente será refletida na elevação do preço para o consumidor final. “Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis pelas distribuidoras, no caso da gasolina e do diesel, além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores de combustíveis”, informa.
Os novos reajustes ocorrem em meio à troca de comando na Petrobras, após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) intervir para substituir Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna. Essa medida causou um impacto negativo nos investidores, vista sobretudo como uma ameaça a independência da petroleira, e fez o valor da companhia despencar, na última semana, em R$100 bilhões. Jornal da Chapada com informações do Estadão, UFRGS, jornal O Tempo, CNN Brasil e Portal G1.