O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, incluiu na última terça-feira (30) os ataques do presidente Jair Bolsonaro à imprensa brasileira no informe anual, produzido pelo Departamento de Estado norte-americano, sobre violações de direitos fundamentais no Brasil.
O informe envolve uma avaliação de todos os governos do mundo e foi publicada em Washington. “A constituição e a lei estabelecem a liberdade de expressão, inclusive para a imprensa, mas o governo nem sempre respeitou este direito”, aponta o documento assinado pelo chefe da diplomacia de Biden, Antony Blinken.
“Vários jornalistas foram submetidos a agressões verbais, inclusive quando pessoas privadas desmascaradas gritaram na cara após o início da covid-19”, destacou o informe. “O incidente mais importante ocorreu fora do palácio presidencial em Brasília, levando uma coalizão de organizações da sociedade civil a entrar com uma ação civil contra o governo por falhar em proteger os jornalistas”.
No informe, com trecho baseado em uma apuração do Repórteres sem Fronteiras, é citado que Bolsonaro criticou a imprensa 53 vezes “verbalmente ou através da mídia social” durante o primeiro semestre do ano.
“Vários veículos de notícias relataram que no dia 23 de agosto, o presidente Bolsonaro atacou verbalmente um repórter de O Globo, que o questionou sobre os depósitos feitos pelo ex-assistente Fabricio Queiroz a sua esposa, Michelle Bolsonaro”, aponta.
O documento ainda lista outras violações aos direitos que ocorrem no Brasil, como assassinatos pela polícia, atos de corrupção, violência contra as mulheres, anti-semitismo e crimes contra minorias.
O cenário inclui, segundo o documento, “relatos de assassinatos ilegais ou arbitrários pela polícia; condições severas e às vezes ameaçadoras de vida nas prisões; prisão ou detenção arbitrária; violência contra jornalistas; atos generalizados de corrupção por parte de autoridades; falta de investigação e responsabilização pela violência contra mulheres; violência ou ameaças de violência motivada pelo anti-semitismo; crimes envolvendo violência ou ameaças de violência visando membros de minorias raciais, ativistas de direitos humanos e ambientais, povos indígenas e outras populações tradicionais, e pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros ou intersexuais”.
O informe americano também denuncia a situação de povos indígenas e indica que Organizações Não Governamentais (ONGs) “alegaram a falta de regulamentação e a impunidade em casos de invasões ilegais de terras” que estariam resultando na “exploração ilegal dos recursos naturais”. Além disso, a situação da pandemia de Covid-19 entre indígenas também é alvo de uma análise pelos americanos. Jornal da Chapada com informações do colunista Jamil Chade, do Uol.