Os pais de estudantes do município de Mulungu do Morro, na Chapada Diamantina, denunciam que receberam kits de merenda escolar com leites em pó vencidos, chegando, em alguns casos, a ter ultrapassado 20 dias do prazo de validade. Sem aulas presenciais, por conta da pandemia de covid-19, os alunos dos municípios possuem direito ao kit merenda, por parte da prefeitura, representada pelo gestor Edimario Boaventura (PSB).
“Se os alunos estivessem tendo aulas normais, eles estariam dando essas merendas vencidas para os alunos?”, questiona a mãe Ana Cláudia Miranda de Oliveira, que tem um filho matriculado no 9º ano do Colégio João Primo da Silva, acrescentando que com aulas presenciais, essas validades não teriam como ser fiscalizadas pelos estudantes.
“Alunos e pais que comeram a merenda encontram com dores de barriga em suas casas. O município ainda não se manifestou! Apenas a diretora da escola do João Primo da Silva confessa que um lote da merenda possuía leite vencido”, reclamam os pais.
“Isso é extremamente preocupante”, alerta o pai, Neto, de uma aluna de 5 anos, informando que embora a sua filha não tenha chegado a consumir o produto, outros estudantes podem não ter se atentado a isso. “Tô aqui como pai, pedindo para o pessoal da Secretaria, alguém da gestão, tomar alguma providência em relação a isso”, pede, ao acrescentar que espera a providência da gestão municipal por esse “erro grave”, como o pai configura.
Os pais ainda denunciam que a entrega dos kits só foi realizada após quatro meses do início das aulas e informam que a merenda não teve distinção entre alunos e localidades, descumprindo a legislação, que garante, como por exemplo, uma cesta maior para alunos de comunidades quilombolas.
Um áudio da diretora do Colégio João Primo da Silva circula nas redes sociais em que ela confessa o erro. “Infelizmente foi um descuido muito grande da gente, de todos nós”, disse. “A gente não verificou a mercadoria quando recebemos na escola e também quando chegou no galpão”, informou a titular.
“Peço mil desculpas para vocês que receberam o leite com essa validade e digo a vocês que podem trazer o leite na escola e trocar de volta”, disse, ao afirmar que os demais lotes chegaram com a validade dentro do prazo.
Outro lado
Procurada pelo Jornal da Chapada (JC), a Secretaria Municipal de Educação enviou a nota de retratação da empresa responsável pelo produto – AMM Alimentos. Na nota, a empresa se retratou, assumindo a responsabilidade de leite com a data de validade excedida. No entanto, informou “que o produto não está adulterado, tampouco impróprio para consumo, mas com a validade excedida”.
“O que ocorreu foi que a empresa tinha alguns fardos de leite para devolver ao fornecedor, que faz a substituição do produto sem qualquer custo para a empresa, o que de logo já demonstra que não teríamos qualquer vantagem econômica em entregar o produto vencido, visto que, como dito, o produto é trocado pelo nosso fornecedor sem qualquer custo para nossa empresa”, diz a empresa, por meio de nota.
“Em verdade, por um descuido do funcionário responsável pelo carregamento do caminhão o fardo de leite separado para ser devolvido ao fornecedor acabou sendo carregado no caminhão e enviado para o município”, completa a nota, destacando que não tinha intenção de causar prejuízo ao município.
A empresa ressalta que a gestão municipal e os servidores do Munícipio de Mulungu do Morro não tiveram qualquer participação no fato.
“A empresa de imediato se coloca a disposição para efetuar a troca da mercadoria por outra com validade própria para consumo”, informa, falando que a empresa irá se comprometer para “tomar todas as medidas cabíveis para que tal fato jamais volte a ocorrer”, pontua. Confira aqui a nota completa da empresa.
Jornal da Chapada