Lançado em 5 de maio deste ano, o curta-metragem intitulado ‘Áurea‘, com 13 minutos de duração, foi selecionado na Mostra Curta de Niterói. A novidade foi compartilhada nas redes sociais do projeto na última terça-feira (8).
No lançamento, o curta, que foi gravado em 2020, ficou disponível por 24 horas no YouTube e agora será uma nova chance de revê-lo ou assisti-lo pela primeira vez. A programação, link e demais informações serão disponibilizadas nos próximos dias.
O filme exibe o encontro da parteira Áurea e o médico Áureo, duas sabedorias que se fundem com o conhecimento tradicional dela e o pensamento científico dele e que juntos fizeram mais de 100 partos domiciliares na comunidade do Vale do Capão, distrito de Palmeiras, na Chapada Diamantina.
A parteira Áurea Oliveira dos Santos, de 94 anos, nasceu no Vale do Capão. Ela aprendeu a arte de partejar com as vizinhas e amigas e não sabe quantas crianças vieram ao mundo amparadas pelas suas mãos. Agora, ela já não faz mais partos por conta da idade, mas é muito reconhecida na Vila, tem até rua com o seu nome.
Áureo Augusto de Azevedo, de 68 anos, também não faz mais partos. Ele nasceu em Salvador, se formou na Faculdade de Medicina da Ufba, se mudou para o Vale do Capão na década de 1980, e é reconhecido pela comunidade como parteira, no gênero feminino. “Quando cheguei eu era o único médico e elas nunca tinham visto uma parteira homem”, conta Áureo. Em 2017 ele recebeu do Ministério da Saúde o título de Comendador da Ordem do Mérito.
Segundo o Fundo da População das Nações Unidas (UNFPA), as parteiras treinadas oferecem cuidados para milhões de mulheres e recém-nascidos de baixo risco pelo mundo, antes, durante e após o parto. Ainda de acordo com o UNFPA, as parteiras poderiam ajudar a salvar mais de 200 mil vidas maternas por ano, além de evitar três milhões de mortes de crianças antes de quatro semanas. No Vale do Capão, 90% dos partos são realizados em casa, segundo dados da Secretaria de Saúde de Palmeiras.
O curta conta com a diretora Hewelin Fernandes, o médico Áureo Augusto, a enfermeira obstetra e parteira Natalia Andrade, que também é funcionária da Unidade de Saúde da Família de Caeté-Açú, e com a enfermeira e parteira da tradição, Mary Galvão, que é especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem Obstétrica pela Universidade Federal de São Paulo e docente do departamento de Ciências da Vida da Uneb.
Esse projeto foi contemplado pelo Edital Setorial de Audiovisual de 2019, e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia.
Jornal da Chapada