O presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Zenildo Santana, mais conhecido como Zé Cocá (PP), avalia que a retomada das aulas semipresenciais, marcada para a segunda-feira (26), pelo governo estadual, será difícil para 90% das cidades baianas.
Em entrevista nesta terça-feira (20), Zé Cocá – que também é prefeito da cidade de Jequié, no sudoeste baiano – defendeu que o retorno é necessário, mas ponderou que licitações para o transporte escolar e alimentação dos estudantes, além da vacinação dos professores, são pontos que podem atrasar as atividades nas escolas.
Para ele, é necessário analisar os municípios por suas particularidades, já que eles atravessam fases diferentes da pandemia. Com isso, nem todas as cidades estão em mesma condição financeira e estrutural para o retorno em uma mesma data.
“É um momento complexo e é importante que haja um diálogo para retomada das aulas. Temos um problema seríssimo: Em torno de 54% dos municípios da Bahia ainda não fizeram licitação de transporte escolar. Uma parte disso está em fase de andamento e a outra parte nem iniciou o processo. Um processo desses dura, no mínimo 30 dias, podendo durar de 30 a 40 dias”.
“Outro problema sério nos municípios, nós fizemos um levantamento disso, é que em quase 60% dos municípios da Bahia os professores ainda não tomaram a segunda dose. E há é uma cobrança muito forte da classe em relação a isso”.
Segundo ele, a maior parte dos professores baianos devem receber a segunda dose entre agosto e setembro, e um pequeno quantitativo da categoria em outubro.
“E temos outro problema seríssimo, que são as licitações de merenda escolar, na adaptação das escolas para cumprir os decretos municipais e estaduais por conta da questão da pandemia. Os municípios ainda não se organizaram em relação a isso”.
“Acho que 90% dos municípios da Bahia não terão condições de começar agora, dia 26”, analisou. O presidente da UPB revelou ainda que os municípios têm discutido calendários de retomada por região, para tentar estabelecer uma data de retorno que respeitem as particularidades de cada local.
“Nós temos outros municípios com problemas seríssimos ainda de UTI, em algumas regiões. Então, queremos discutir isso para que a gente não tenha nenhum impacto negativo por conta dos municípios. E o maior problema, nesse momento, é a questão do transporte escolar”.
‘Retomada necessária’
Defensor da retomada das aulas semipresencialmente, Zé Cocá argumenta, no entanto, que é preciso ter cautela para adaptação dos municípios. Para ele, as aulas remotas acabam dificultando o aprendizado dos estudantes.
“De fato, as aulas são necessárias. Eu também concordo que é o momento, a gente não tem condições de esperar mais. Estamos falando do segundo ano dos alunos sem ir para as escolas, as famílias carentes com seríssimas dificuldades. Pessoas que não têm condições de dar assistência aos seus filhos para continuar aprendendo. Na aula remota, tem casas que às vezes têm um único aparelho para cinco, seis filhos, é impossível acompanhar o trabalho da aula remota, tem a internet ruim”.
“O retorno das aulas é primordial, principalmente nas classes baixas. Mas a gente tem que adaptar os municípios para retomar o mais rápido possível”. A redação é do site G1 BA.