O Instituto Cigano do Brasil (ICB) divulgou um áudio em que a mãe dos oito homens assassinados por policiais militares na Bahia, em retaliação pelas mortes de dois PMs em Vitória da Conquista, pede a um dos filhos que se entregue, para responder pelo crime.
O tenente Luciano Libarino Neves, de 34 anos, e o soldado Robson Brito de Matos, de 30 anos foram mortos a tiros no dia 13 de julho, no distrito de José Gonçalves. As armas e os telefones celulares foram roubados pelos suspeitos. Segundo a polícia, o crime foi cometido pelos irmãos mortos.
Depois do crime, a família passou a ser perseguida por policiais. Oito irmãos, todos ciganos, foram mortos, sendo dois deles adolescentes de 13 e 17 anos. O pai dos oito irmãos está preso, após também ter sido baleado por miliares. Ele também é suspeito de matar os dois policiais.
Nesta quarta-feira (4), o presidente do ICB, Rogério Ribeiro, procurou o G1 e divulgou o áudio da mãe dos oito mortos. Na gravação, a mulher – que não foi identificada por medo de represálias – pede ao filho que se entregue e não a deixe sofrer mais.
“Eduardo*, pense, meu filho. É tua mãe. Por tudo o que nós já perdemos em nossa vida. Me ajude, meu filho. Eu não quero perder você não, meu filho. Se entregue para o ‘Seu’ Rogério. Ele é uma pessoa boa, uma pessoa do coração muito bom. Ele está fazendo um enorme esforço para salvar você com vida. Pelo amor de Deus, meu filho, se entregue com sua irmã”, pede a mulher na gravação.
“Não deixa eu sofrer mais não, meu filho. Porque se você morrer, eu vou morrer também. Me ajude, meu filho. Pelo amor de Deus, me ajuda. Se entrega meu filho”.
De acordo com Rogério Ribeiro, o ICB quer levar o jovem até uma delegacia, para que ele responda vivo pela suspeita do crime. Ele também falou sobre a morte dos outros ciganos.
“Se depender da gente, ele é preso pela Polícia Civil e responde pelo crime. Mas a Polícia Militar quer matar, assim como fez com os outros. A gente viu os vídeos das outras mortes e há sinais de tortura nos corpos. Eles [policiais] falam de confronto, mas não há confronto. Em um dos casos, a arma que eles apresentaram desse suposto confronto está intacta”, disse o presidente do ICB.
“Eles não fazem a perícia para comprovar que há sinais de tortura nos corpos dos irmãos mortos. Nós queremos a apuração dos corpos”. O G1 entrou em contato com as polícias Civil e Militar, para obter posicionamentos sobre as alegações de tortura e da não perícia nos corpos, e aguarda retorno. A redação é do site G1 BA.
*O nome foi alterado por questões de segurança.