O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante transmissão ao vivo realizada nesta quinta-feira (5). O mandatário parece não ter se abalado com o duro discurso feito do presidente do STF, Luiz Fux. Durante a transmissão, Bolsonaro insistiu nas alegações que fez durante entrevista à rádio Jovem Pan para colocar em dúvida o sistema eleitoral.
O presidente usou um inquérito não-concluído da Polícia Federal sobre uma invasão hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para dizer que trazia provas de que o resultado das eleições de 2018 poderia ter sido fraudado. Essa conclusão não foi feita pela PF, mas sim pelo próprio presidente.
Na entrevista, Bolsonaro alegou ainda que o hacker conseguiu obter um código-fonte e que, com isso, poderia retirar um candidato da urna. Isso, no entanto, não procede. Na ‘live’ da quinta, ele insistiu na tese e disse que o TSE não o desmentiu, o que também é mentira. O tribunal rebateu as suposições do mandatário em nota divulgada na madrugada desta quinta: “O episódio de 2018 foi divulgado à época em veículos de comunicação diversos. Embora objeto de inquérito sigiloso, não se trata de informação nova”.
Fux e Bolsonaro
Apesar de Fux ter reagido aos ataques do presidente, Bolsonaro parece não ter se intimidado. Inicialmente, tentou parecer parcimonioso e reclamou de “problemas, ruídos e incompreensões que vem de um lado da Praça dos Três Poderes, onde 2 ou 3 se arvoram em ser o dono da verdade”.
Na sequência, o chefe do Executivo voltou a subir o tom e a fazer várias insinuações contra Luís Roberto Barroso, ministro do STF e presidente do TSE, e Alexandre de Moraes, ministro que incluiu Bolsonaro como investigado no inquérito das fake news. Também sobrou para Fux, que foi chamado de “desinformado” pelo presidente.
À tarde, Fux anunciou o cancelamento de reunião que aconteceria entre os chefes dos Três Poderes brasileiros (Executivo, Legislativo e Judiciário) em razão da postura de Bolsonaro. “Como presidente do STF, alertei o presidente da República em reunião realizada nesta Corte, durante as férias coletivas, sobre os limites do exercício do direito da liberdade de expressão, bem como ser necessário e inegociável o respeito entre poderes para harmonia do pais”, afirmou o magistrado.
“Contudo, como tem noticiado a imprensa, nos últimos dias o presidente da República tem reiterado ofensas, ataques e inverdades contra integrantes desta Corte”, prosseguiu. “O pressuposto do dialogo entre os Poderes é o respeito mútuo entre instituições e seus integrantes. Diálogo eficiente pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras, o que infelizmente não temos visto no cenário atual”, finalizou.
Ameaça
Na entrevista à Jovem Pan e na manhã desta quinta-feira (5) o presidente tratou de ameaçar e debochar do STF. “Olha o que é a ditadura da toga. O que dois ministros estão fazendo no Supremo, Barroso e Alexandre de Moraes. Vão me investigar! Será que vão dá uma sentença? Fazer uma busca e apreensão no Alvorada como fazem com o povo comum aí? Será que vão fazer isso?”, disse. “Vão mandar quem aqui? PF ou Forças Armadas?”, completou. A redação é do site da Revista Fórum.