Oito telões lado a lado, formando uma imensa tela de projeção, incrementam o cenário de um dos gabinetes mais procurados de Brasília nos últimos tempos. No Ministério da Cidadania, deputados, prefeitos e vereadores aguardam na fila a marcação de uma concorrida audiência com o ministro João Roma.
Quase sempre os políticos vão em busca da liberação de uma verba ou a inclusão de seus redutos eleitorais em um dos vários programas sociais da pasta — e nunca saem de mão abanando. O ministro anota cuidadosamente o pedido, se compromete a fazer todos os esforços para atender e, antes de se despedir, convida o visitante para acompanhá-lo no que, para muitos, acaba sendo o ponto alto da reunião.
No canto da sala, os telões são programados para projetar a bandeira do município ou do estado do visitante — pano de fundo para uma sessão de fotos com o ministro, prova de que o governo está empenhado em resolver os problemas daquela localidade. Os encontros duram, em média, trinta minutos. A sala de espera está sempre cheia. A reportagem é da revista “Veja”.
“Política é assim. Em muitos casos o prefeito quer apenas ser recebido para apresentar propostas e mostrar aos seus eleitores que está buscando em Brasília dinheiro para o município”, diz o ministro João Roma. O fato é que, nos últimos meses, o Ministério da Cidadania, além de se transformar num centro de peregrinação de políticos, é a aposta mais ousada do governo para impulsionar a reeleição de Jair Bolsonaro.
A pasta tem um orçamento monumental majoritariamente destinado a custear benefícios sociais, como o Bolsa Família, distribuição de cestas básicas, fomento a pequenos agricultores, construção de cisternas e, mais recentemente, ao pagamento do auxílio emergencial para 35 milhões de pessoas. A pouco mais de um ano das eleições, esse conjunto de ações é tido como o principal ativo do presidente, que vai anunciar, em breve, uma reformulação do Bolsa Família. Entre outras alterações, o programa vai mudar de nome, ampliará o número de beneficiados e o valor dos repasses vai aumentar. A redação é do site Política Livre.