O Progressistas vai se dividir no apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostra que, embora avalize o governo Bolsonaro e tenha conquistado ainda mais prestígio com a entrada de Ciro Nogueira na Casa Civil, a sigla tem estratégias diferentes nos estados, principalmente no Nordeste, onde disputas regionais fazem uma ala se movimentar na direção de alianças com o ex-presidente Lula.
Na Bahia, estado administrado pelo governador Rui Costa (PT), o vice-governador e presidente estadual do partido, João Leão, foi o primeiro filiado da legenda a vocalizar a insatisfação com a possibilidade de entrada de Bolsonaro no partido.
“Bolsonaro quer um partido para ter comando. No PP, ele não vai ter. O partido tem um comando parlamentarista. Todos temos voz e vez”, afirmou Leão, em entrevista ao jornal A Tarde.
Entretanto, o deputado Cacá Leão (BA), líder do PP na Câmara e filho de João Leão, se tornou um dos principais articuladores no Congresso em favor da agenda bolsonarista.
Em 23 de julho, dois dias após Nogueira ser convidado para a Casa Civil, João Leão fez uma publicação nas redes sociais defendendo a aliança com o PT do senador Jaques Wagner e com o PSD do senador Otto Alencar, opositor de Bolsonaro.
“Vou falar do teodolito. Ele tem três pés: um pé na política, que é o PT, o outro é o PSD e o PP”, afirmou Leão, em vídeo postado no Facebook. O vice-governador pregou a manutenção da aliança. “Temos no meio o pêndulo, que são partidos aliados nossos, que ficam no pêndulo para dar equilíbrio ao teodolito. O que nós queremos? Manter esse grupo junto”, insistiu.
O deputado federal André Fufuca (MA), que assumiu a presidência do Progressistas após Ciro Nogueira ter sido nomeado na Casa Civil, afirmou que a executiva nacional deverá dar autonomia para as seções estaduais tomarem decisões em 2022.
Apesar do aceno de que o PP não agirá como bloco na campanha, o dirigente maranhense observou que ainda não há qualquer acordo fechado para as eleições. “Tem muita água para passar debaixo da ponte até lá”, justificou.
A aliança do Centrão com o governo Bolsonaro, simbolizada por Nogueira como “capitão do time” e por Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara, e Cacá Leão na liderança partidária, não impediu que o principal partido desse grupo mantivesse vínculos com o PT de Lula no Nordeste, sobretudo na Bahia e em Pernambuco. A redação é do jornal A Tarde.