Após mães e responsáveis de estudantes da rede municipal de Mucugê, na Chapada Diamantina, cobrarem o retorno semipresencial das aulas municipais, a gestão da cidade, administrada por Ana Medrado, a popular ‘Dona Ana’ (DEM), explicou que as unidades escolares estão sendo reformadas, pois as atuais condições não atendem as demandas dos estudantes e também não têm como seguir os protocolos sanitários contra a covid-19.
Sem aulas presenciais há mais de 500 dias em razão da pandemia, as mães consideram que a demora em reabrir as escolas municipais tende a aumentar “as taxas de evasão escolar, desemprego e prejuízos econômicos e financeiros irreversíveis para os jovens do nosso município”, pontua o ofício dos responsáveis, enviado para Rosane Chagas, secretária de Educação da cidade, no dia 15 de julho.
Procuradas pelo Jornal da Chapada (JC), a prefeita e a titular da pasta pontuaram que ainda não há uma definição de data exata sobre o retorno das aulas municipais, por conta das escolas estarem em reforma. Segundo elas, “o município foi encontrado de forma sucateada no início da gestão” e as escolas passaram quatro anos sem manutenção, sendo que em dois anos ficaram completamente fechadas.
Elas alegam que fatores externos, como entrega de material e clima interferem no andamento das obras, mas que elas são a favor do retorno mais breve possível das aulas. “Tem escola que seria um absurdo, falta de responsabilidade nossa, se a gente colocasse os alunos dentro dessas unidades”, afirma a prefeita Ana Medrado ao complementar dizendo que a Vigilância Sanitária também não iria permitir o retorno, por falta de um espaço limpo e agradável para as merendas e estrutura para seguir as recomendações sanitárias.
“As ações do município para retorno das aulas com segurança podem ser observadas a partir do momento em que se realizou licitação para reforma das escolas. Elas passaram os últimos quatro anos sem qualquer tipo de manutenção. Quando da sua reabertura [janeiro/2021], constatou-se que muitas estavam decadentes, sendo morada de morcegos, com imensas rachaduras, com muito lixo acumulado e banheiros impróprios/quebrados”, explica a gestora.
Já sobre a ausência de transporte escolar para atender os alunos da rede estadual, uma denúncia também relatada pelas mães, a gestão salienta que “foi realizada a dispensa de contratação para realização do georeferenciamento das linhas no município, sendo que após esse passo, partiremos para a licitação das linhas de transporte escolar”.
Eventos
A cidade vem promovendo eventos e as mães alegam contrariedade nesta questão em comparação com a ausência do retorno das atividades letivas. No entanto, ao ser questionada pela equipe de redação, a gestora ressaltou que os eventos estão sendo realizados de acordo com as exigências do decreto estadual e “nada interferem na questão de retorno às aulas visto que englobam também outras secretarias”, pontuam a prefeita e secretária.
Ofício
As mães enviaram, há mais de um mês, um ofício solicitando explicação e data do retorno semipresencial. Porém, embora assinado como recebido pela secretária Rosane Chagas, o documento nunca foi respondido. E nesse tempo elas ficaram sem resposta da gestão.
“O ofício não foi respondido posto que estávamos trabalhando na confecção do Decreto Municipal que esclarece todos os pontos questionados”, disse a secretária se referindo ao decreto nº 279 de 3 de agosto de 2021, no qual afirma que o retorno presencial ainda está sendo organizado pelo município.
A gestora ainda pontua que “as aulas remotas estão acontecendo de forma satisfatória, atendendo as demandas tanto dos alunos quanto dos professores, sendo que a falta de internet alegada não é um problema, já que o município disponibiliza pra esses alunos blocos de atividade de forma impressa, fazendo com que todos possam acompanhar as aulas”.
Após a entrega do ofício, embora as aulas municipais não tenham retornado, as aulas particulares e estaduais voltaram e estão funcionando em modelo híbrido.
Jornal da Chapada
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