O abate de jumento, símbolo da resistência e trabalho nas regiões áridas do país, aumentou. De 2015 a 2018, 91.645 jumentos foram mortos para abate, um aumento de 8.000%, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Importante exportador de carne e couro de equídeos, o Brasil tem, desde os anos 80, leis que permitem o abate, e desde 2017 um decreto dá segurança para comercializar, que regulamenta como se deve abater mulas, cavalos e jumentos.
Fora do país, a inglesa The Donkey Sanctuary (ou A Reserva dos Jumentos) calcula que 64 mil burros serão abatidos no Brasil, em um total de 76 mil jumentos mortos em 2021. Segundo as Nações Unidas, 75% dos jumentos chineses foram mortos entre 1994 e 2018, o que também estimulou a importação de países como o Brasil. Neste país, não é comum comer carne de equídeos, como cavalos e jumentos.
Por aqui não é comum comer carne de equídeos, como cavalos e jumentos e há projetos em Brasília que tentaram proibir o abate. Contudo, parlamentares da Bancada do Boi rejeitaram defenderam que a carne equina é uma “iguaria” em muitos países. Em 2018, vídeos com jumentos abandonados, com fome, sede e caminho do abata iniciaram investigações policiais na Bahia.
Estudo dos pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Mariana Gameiro e Adroaldo Zanella, deduz que jumentos ainda são abatidos de maneira ilegal. O estudo aponta que se a diminuição de jumentos continuar no mesmo ritmo, há risco de uma queda drástica no número de animais no Brasil, como aconteceu na China.
Abrigo para jumentos
Em Fortaleza, a educadora Márcia Freitas encontrou um jumentinho acuado há nove anos. Na ocasião, o bicho estava com as patas machucadas, mas ninguém parou para ajudar a fêmea. Freitas também foi embora, sem imaginar o que poderia fazer. Contudo, a situação tirou o seu sono.
“Como pode alguém judiar de um bicho que carregou Jesus Cristo?”, se perguntava, como relata em entrevista ao Uol. Ao ouvir um conselho da irmã, Márcia no dia seguinte foi ao mesmo canto e chamou um veterinário para ajudá-la. Márcia decidiu adotar a jumenta e chamá-la de Princesa e, em seguida, inaugurou um abrigo para jumentos.
A iniciativa dela é parte de um esforço coletivo de ONGs, ativistas e pesquisadores para dar esperança a milhares de jumentos no Brasil e no mundo. Márcia criou o abrigo ‘Menino Vaqueiro’, na cidade, onde mantém cerca de 30 jumentos e que tem como fonte de renda as doações.
O estudo aponta que se a diminuição de jumentos continuar no mesmo ritmo, há risco de uma queda drástica no número de animais no Brasil, como aconteceu na China.
A ONG financia pesquisas sobre a espécie no mundo e permite “adotar” um jumento resgatado a partir de R$ 22. O adotante recebe retratos e atualizações sobre o jumentinho adotado. É também possível acompanhá-los por câmeras que transmitem os celeiros.
Confira como ajudar:
Abrigo Menino Vaqueiro (Fortaleza – CE)
Pix: Telefone 85 98931-1281 (Márcia Virgínia Freitas dos Santos) ou; Banco do Brasil – Ag. 3655-2 | Conta 76.604-6 | CPF 739511023-49
Picpay: @abrigo.meninovaqueiro
Instagram: @abrigomeninovaqueiro
The Donkey Sanctuary (Reino Unido)
Site: The Donkey Sanctuary (qualquer valor; é possível adotar a partir de R$ 22)
Doou? Exija transparência.
Para denunciar maus tratos de animais em Fortaleza, basta procurar uma delegacia. Também é possível telefonar para o telefone (85) 3247-2630 ou escrever pelo e-mail [email protected]. A ligação é anônima. Jornal da Chapada com informações de texto base do Uol.