Pesquisadores descobriram um novo gênero e espécie de um pequeno crocodiliforme do Período Cretáceo Superior, de aproximadamente 80 milhões de anos, batizado como Eptalofosuchus viridi. O estudo foi publicado no periódico científico internacional Cretaceous Research, um dos mais importantes da área de geociências.
O fóssil foi encontrado em 1966 durante uma escavação de um poço em um posto de gasolina às margens da BR-050 e, desde então, esteve guardado na coleção do Museu de Ciências da Terra (MCT), do Serviço Geológico do Brasil, no Rio de Janeiro. Segundo os pesquisadores, o animal habitou na região de Uberaba, Minas Gerais.
“Esta é a primeira espécie fóssil descrita para a unidade geológica chama de Formação Uberaba, cuja ocorrência se dá principalmente abaixo da malha urbana do município homônimo”, explicou Thiago Marinho.
![](https://jornaldachapada.com.br/wp-content/uploads/2021/09/xFossildestaque-foto-thiago-marinho-300x180.jpg)
Com cerca 40 centímetros, o animal que se alimentava de plantas e pequenos animais, conviveu com dinossauros herbívoros gigantes, como os titanossauros, grandes dinossauros predadores como os megaraptores e pelo menos outras duas espécies de crocodilos, de hábitos carnívoros. O nome faz alusão ao apelido de Uberaba, “a cidade das sete colinas”, e a típica coloração esverdeada da Formação Uberaba.
Em 2016, os paleontólogos Thiago Marinho, do Centro de Pesquisas Paleontológicas “Llewellyn Ivor Price” da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e Agustín Martinelli, do Museo Argentino de Ciencias Naturales “Bernardino Rivadavia” (Buenos Aires, Argentina), em visita ao MCT, identificaram o pequeno bloco de rocha esverdeada contendo o fóssil. Sob empréstimo, o material foi levado à Uberaba e, em seguida, preparado pelo paleontólogo Fabiano Iori, do Museu de Paleontologia “Pedro Candolo” em Uchôa (SP). Nesta etapa, verificou-se que o material se tratava de um fragmento de mandíbula de um pequeno crocodilo com alguns dentes preservados, que ainda não tinha registro nesta formação geológica.
![](https://jornaldachapada.com.br/wp-content/uploads/2021/09/xfossilmao.jpg.pagespeed.ic_._Y7DslGQvY-300x180.jpg)
Apesar de fósseis da Formação Uberaba serem conhecidos há mais de 70 anos, esta é a primeira vez que uma nova espécie pode ser descrita para esta unidade geológica. Um dos fatores que dificulta a coleta de fósseis nestas rochas se deve ao fato de que a área principal de ocorrência está exatamente abaixo da malha urbana da cidade. Não é raro que escavações para a construção civil e aberturas de poços se deparem com fósseis, como foi o caso desta descoberta.
Segundo Thiago Marinho, a divulgação destes resultados é fundamental para o futuro das pesquisas paleontológicas em Uberaba, “uma vez que a população toma ciência das ocorrências de fósseis, certamente os olhares para as rochas estarão mais atentos e é aí que novas descobertas surgirão”. A redação é de Época com publicação do jornal O Globo.