Pesquisadoras da Universidade de Brasília (UnB) registraram a presença de uma onça-pintada no Parque Nacional de Brasília, conhecido como Água Mineral. As imagens foram captadas por câmeras de monitoramento instaladas na região, no fim de setembro, e divulgadas neste sábado (16).
Desde 2017 não havia registros em Brasília do animal, o maior felino da América Latina, que está ameaçado de extinção. Nas três fotos captadas, a onça-pintada, um macho adulto, aparece sozinha, por volta das 19h.
A pesquisa é da doutoranda em ecologia pela UnB Priscilla Petrazzini. No ano passado, ela espalhou 30 câmeras, uma espécie de armadilha fotográfica, em 57 pontos do parque. As máquinas têm sensor de presença e captam os bichos quando eles chegam perto.
A onça-pintada foi vista em uma área restrita da unidade de conservação, portanto, distante da área de visitantes, onde ficam as piscinas do Água Mineral.
Mirou no tamanduá… acertou na onça
O objetivo da pesquisa, segundo Priscilla, é investigar a distribuição de tamanduás na região. No entanto, ela tem visto outros animais de grande e médio porte, como lobo guará e até pumas. A cada 15 dias, a pesquisadora troca as pilhas e os cartões de memória das câmeras e, em uma dessas ocasiões, se deparou com uma surpresa.
“Eu fiquei até travada, feliz, empolgada com o registro da onça naquele momento”, conta Priscilla. Como o registro ocorreu durante o período de queimadas na região, a pesquisadora não sabe informar se o animal vive no parque nacional ou estava apenas de passagem, já que no pico da seca, predadores costumam se deslocar em busca de alimentos.
Abrigo para espécies do Cerrado
A orientadora da pesquisa e professora do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, Ludmilla de Souza Aguiar, explica que o registro da onça-pintada no Parque Nacional de Brasília “é muito positivo, pois demonstra que, apesar do crescimento urbano do entorno e do aumento do impacto antrópico [ação humana], a espécie persiste na região”.
“É um indicativo de que a unidade de conservação está cumprindo a sua função, servindo de abrigo, um sinal de saúde do ecossistema. Contudo, a ameaça da permanência do indivíduo na área existe.”
A primeira visita
Esta não é a primeira vez que uma onça-pintada é vista no no interior do parque. No fim de 2017, biólogos do projeto “Brasília é o Bicho” flagraram a espécie caminhando na região.
Com a aparência e medidas de um macho, a onça foi vista em uma área distante da visitação e, portanto, segundo a administração do parque, também não ofereceria perigo a quem visita o local. No entanto, não há indícios que apontem se tratar do mesmo animal.
No ano seguinte, o grupo de pesquisadores esteve no local e encontrou pegadas da onça. Com mais pistas, eles aumentaram a frequência da observação do local onde o felino foi encontrado para também entender se o animal está de passagem ou se estabeleceu seu território na área do parque. Com informações do g1.