A região formada por dezenas de municípios, com quase 40 mil km², foi desenhada ao longo de bilhões de anos, quando as chuvas, os ventos e os rios esculpiram as rochas, criando vales e montanhas, que resultaram em cenários deslumbrantes. Assim, a Chapada ficou conhecida mundialmente pela sua beleza cênica. Com uma rica arquitetura, grande parte tombada, o lugar é um reduto para o intercâmbio cultural entre nativos e turistas.
Sede do segundo maior parque nacional do Brasil e berço para espécies exclusivas de plantas e animais, o destino recebe milhares de visitantes a cada ano, ávidos por experimentar os diferentes atrativos das localidades que compõem a região, com direito a uma boa dose de adrenalina, afinal, não é à toa que a Chapada Diamantina é referência no turismo de aventura no Brasil. Por isso, elegemos cinco passeios imperdíveis por lá. Confere aí!
O Parque Nacional
O Parque Nacional da Chapada Diamantina é o guardião de muitas riquezas naturais, ocupando uma área de 152 mil hectares, um dos maiores do País fora da região Amazônica. Ele foi criado em 1985 com o grande objetivo de manter a conservação das suas nascentes, com destaque para o rio Paraguaçu, responsável pelo abastecimento de 60% da população baiana; além de resguardar um banco genético importante para a pesquisa científica e conservação da biodiversidade.
O PNCD é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação Ambiental (ICMBio), uma autarquia ligada ao Ministério do Meio Ambiente. Ele ainda não possui controle de visitação e é possível conhecê-lo a partir de diversas localidades, principalmente de Lençóis, do Vale do Capão, de Mucugê e Andaraí. O acesso aos seus atrativos, na maioria das vezes, é realizado por meio de caminhada.
Dicas:
• Planejamento: devido à dimensão do território da Chapada Diamantina e às grandes distâncias entre os principais atrativos naturais e as cidades turísticas, a viagem requer uma programação especial.
• Escolha da cidade: a infraestrutura turística da Chapada Diamantina está instalada nos Lençóis, Mucugê, Andaraí, Ibicoara, Palmeiras, Rio de Contas e nas vilas de Igatu e Vale do Capão. Por isso, a melhor opção é escolher essas localidades para ficar hospedado e a partir daí se organizar.
• Roteiros: as agências de turismo oferecem diversas opções de roteiros que reúnem e organizam o acesso aos atrativos. Os roteiros variam de um a oito dias.
• Esforço físico: os passeios possuem diferentes níveis de esforço físico e ainda podem ser adequados ao perfil de cada pessoa. Os guias garantem que quem decide o ritmo da caminhada é o turista e, para facilitar, nas trilhas mais longas são oferecidos serviços como a contratação de uma pessoa para levar as bagagens.
• Melhor época: o clima semiárido – com sol durante todo o ano e poucos períodos de chuva – propicia que a viagem seja feita em qualquer época do ano.
• Tempo indicado: o tempo mínimo indicado para visitar a região é de quatro dias e o ideal é pelo menos sete.
1. Poço Azul
As grutas com poços de água cristalina são atrações muito singulares na Chapada Diamantina. A combinação entre as formações rochosas, a transparência da água e a incidência da luz solar criam uma atmosfera mágica.
Uma das mais belas do Brasil é o Poço Azul, que fica na cidade de Nova Redenção. Nele é permitido realizar flutuação pelos seus 40 metros de extensão e 20 metros de largura. Uma curiosidade é que o Poço Azul é o maior sítio paleontológico submerso do Brasil.
Em 2005, fósseis de vários animais foram resgatados a mais de 15 metros de profundidade, e foram identificadas 14 espécies diferentes. A melhor época para visitar o local é entre o inverno e o outono pois, devido à posição do sol, os raios solares penetram nas cavernas e atravessam os poços, formando um incrível feixe de luz azul-turquesa que acende ainda mais as suas cores.
O Poço Azul fica a 46 km de Andaraí, a 64 km de Mucugê e 86 km de Lençóis. A visita pode ser feita por pessoas de todas as idades e o único esforço físico por lá são as escadarias que dão acesso a ele. A taxa de visitação é de 30 reais por pessoa, valor que inclui equipamento de flutuação.
2. Gruta da Lapa Doce
Cavernas são formadas naturalmente devido a uma série de processos geológicos ao longo de milhares de anos, e apresentam salões, corredores e formações esculpidas também pela água. A Gruta da Lapa Doce, localizada em Iraquara, é uma das mais famosas da Chapada Diamantina e uma das maiores do Brasil, com mais de 25 km de extensão.
O correto é chamarmos a gruta de Sistema Lapa Doce, pois consiste em um complexo de cavernas calcárias que abriga atualmente três roteiros turísticos: Lapa Doce I (com 9,3 km), Lapa Doce II (com 16,5 km) e a Lapa do Sol (um sítio arqueológico com diversas pinturas rupestres).
As formações são fascinantes, algumas colossais e outras extremamente delicadas: estalactites, estalagmites, colunas, cortinas e pérolas. Um dos pontos altos da trilha pelo interior da gruta é a chegada ao Poço do Lima.
Ele é um rio subterrâneo que forma um pequeno lago no interior da caverna (existem outros vinte no Sistema Lapa Doce). Este poço de águas profundas e cristalinas chega a 25 metros de profundidade e abriga uma espécie rara de peixe, o bagre albino.
A Gruta da Lapa Doce fica a 68 km de carro a partir de Lençóis, 31 km a partir de Palmeiras e 11 km a partir de Iraquara. O nível de dificuldade da trilha é fácil, porém exige um pouco mais de esforço na volta, quando há uma subida grande. A visitação ao interior da gruta só é permitida com guias especializados e os valores variam conforme o roteiro, mas custam em torno de 150 a 200 reais por pessoa.
3. Gruta da Pratinha
Na Fazenda Pratinha, em Iraquara, fica outra das grutas mais famosas da Chapada Diamantina. Aliás, a fazenda, eleita por possuir a terceira água mais cristalina do mundo, é um verdadeiro paraíso aquático de piscinas naturais, sendo chamada de Oásis do Sertão.
O passeio mais esperado por lá é a flutuação pelo Rio Pratinha, passando por dentro da Gruta da Pratinha, em meio a águas cristalinas. A atividade é feita com colete salva-vidas, pé de pato e snorkel, sempre acompanhada por guias especializados, e durante o trajeto é possível observar as formações rochosas e ver peixinhos. Na fazenda também há a possibilidade de aproveitar outras atividades, como tirolesa, pedalinho, stand up e caiaque.
A Gruta da Pratinha fica a 73 km a partir de Lençóis, 36 km a partir de Palmeiras e 19 km a partir de Iraquara. A entrada na fazenda custa 50 reais por pessoa e as atividades são pagas à parte. A flutuação na gruta custa 40 reais por pessoa.
4. Cachoeira do Buracão
A Cachoeira do Buracão fica em Ibicoara, na região Sul do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Apesar de ser um pouco mais afastada das demais atrações do destino, é considerada imperdível.
Seus 85 metros de queda d’água e os imensos cânions que emolduram o cenário a tornam uma das mais incríveis da região. A trilha até a cachoeira é considerada de leve a moderada e exige o acompanhamento de um guia credenciado do município.
Durante o trajeto de 6 km (ida e volta), feito à beira do Rio Espalhado, o visitante passa também por outras belas cachoeiras, como o Buracãozinho, a Cachoeira das Orquídeas e a Cachoeira do Recanto Verde.
O ponto alto é nos metros finais, antes de chegar à cachoeira, quando o visitante é obrigado a usar um colete salva-vidas e ir nadando (ou flutuando) entre as paredes estreitas dos cânions, que formam um corredor incrível. As águas escuras e espumosas são em função dos resíduos orgânicos da mata. N
o fim do percurso o cânion se abre e lá está a imensa cachoeira. A dica é aproveitar para nadar até ela para sentir a força das águas. Depois, a trilha continua até o topo do Buracão, de onde se tem uma vista para a queda d’água.
A Cachoeira do Buracão fica a 30 km de Ibicoara, 106 km de Igatu, 106 km de Mucugê, 154 km de Andaraí e 250 km de Lençóis. O custo do passeio em agência, por pessoa, varia de R$ 350 a R$ 520, dependendo do local de saída e do roteiro incluir pernoite em alguma cidade mais próxima.
5. Cachoeira da Fumaça
Esta é uma das maiores cachoeiras do País e da América do Sul, e impressiona os visitantes pelo seu imenso paredão e pela queda d’água de 360 metros de altura. Ela fica no Vale do Capão, em Palmeira, e seu nome se deu em função do efeito provocado pela força dos ventos, que impede que a água chegue à base, formando uma espécie de fumaça com as gotículas que são borrifadas para cima.
A Cachoeira da Fumaça pode ser visitada tanto por cima quanto por baixo, mas a forma mais comum é vê-la por cima. Mesmo assim, sua trilha está entre as mais desgastantes da Chapada. São 12 km (ida e volta), sendo que a subida inicial de 2 km exige muito preparo físico dos visitantes.
O objetivo é chegar aos mirantes para ver a bela cachoeira, por isso, o passeio não inclui banho, mas faz uma parada no Riachinho, uma cachoeira próxima à saída da Fumaça. Para os mais aventureiros, existe a opção de visitá-la por baixo, porém, a trilha com nível de dificuldade alto, tem total de 36 km e exige três dias de viagem com acampamento.
A Cachoeira da Fumaça fica 3 km a partir do Vale do Capão, 80 km a partir de Lençóis e 21 km a partir de Palmeiras. Neste passeio o guia não é obrigatório porém é altamente recomendado devido ao grau de dificuldade da trilha. Agências cobram de R$ 150 a R$ 190 por pessoa, dependendo do roteiro e de outras atividades contratadas. Com informações da Like Magazine.