Clara Beatriz Maciel, menina baiana de apenas 13 anos, é uma das finalistas do 63º Prêmio Jabuti, o maior prêmio de literatura no Brasil – que inclui outros baianos na lista em diversas categorias. Com o projeto Casinha de Livros, ela concorre na categoria “fomento à leitura”.
Natural de Irecê, município da Chapada Diamantina, no interior da Bahia, Clara ficou encantada por uma “casinha de livros” quando passou por Salvador durante uma viagem. Quando completou 10 anos, após pedir insistentemente uma casinha parecida, os seus pais a ajudaram a montar a estrutura em uma pracinha da cidade, próxima à sua casa.
O projeto consiste em instalações semelhantes a casas em miniatura em espaços públicos para incentivar a troca de livros. Dentro dela, podem ser inseridos livros doados e as pessoas podem pegá-los emprestados, basta devolvê-los após finalizar a leitura. Com nada parecido no município, a iniciativa teve um grande sucesso na região.
“Inicialmente, fizemos perto de casa para ter como controlar, repor os livros. Clara colocou os livros dela, que ela vinha juntando desde pequena, eu dei os meus, alguns amigos doaram os deles, era algo bem caseiro. Mas dessa primeira casinha, surgiu o projeto da segunda e as pessoas gostaram muito, teve um alcance grande em Irecê”, contou a mãe de Clara, Maria José Maciel, delegada do Núcleo de Atendimento à Mulher (Neam) de Irecê.
Desde então, o projeto expandiu bastante, já são 17 casinhas espalhadas pelo Brasil, inclusive em outros estados além da Bahia, e, neste sábado (13), mais duas serão inauguradas em cidades vizinhas.
Os moradores da cidade se envolveram no projeto. Depois das primeiras casinhas, o colégio de Clara doou uma, outra foi colocada na praça da Câmara dos Vereadores do município e uma arrecadação permitiu a construção de uma em uma comunidade quilombola. Cada uma tem um “guardião”, responsável pela manutenção da casinha. “É uma pessoa que gosta de literatura, geralmente a pessoa que procurou Clara. Ela cuida da limpeza e cobra a reposição dos livros”, explica Maria José.
A iniciativa de Clara ficou famosa depois que ela leu um livro do escritor e jornalista Rodrigo Carvalho Gomes, correspondente internacional em Londres pela TV Globo. De acordo com a sua mãe, ela mesmo entrou em contato com ele pedindo para fazer uma live sobre o seu projeto, coisa que Rodrigo aceitou prontamente. “Isso aumentou a visibilidade do projeto. Ela também criou um Instagram para tentar estimular mais a leitura e ainda participou de uma live com Astrid Fontenelle e Lázaro”. A página @projetocasinhadelivros na rede social conta com mais de 5.700 seguidores.
A mãe de Clara defendeu que o incentivo à leitura estimulou a filha a realizar o projeto. “É o incentivo, ela sempre costuma dizer. Comprava aqueles livrinhos de banheira para ela desde pequena e a gente lia histórias para ela todas as noites antes de dormir, então ela sempre teve esse contato. O livro é uma presença constante na vida dela”, diz.
O Metro1 tentou contato também com Clara, mas ela estava na escola. A sua mãe comentou sobre a conquista da filha, de chegar entre os finalistas do Prêmio Jabuti, o que classificou como “uma alegria imensa”. Ela relatou que Clara disse que “ficou arrepiada” com a notícia. “A gente fica sem acreditar. É uma coisa tão simples, um projeto simples, em um lugar longínquo”, exprimiu. As informações são do Metro1.