O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) vai fazer um almoço com camarão doado, na tarde do próximo domingo (21), para os integrantes da ocupação Carolina de Jesus, em São Mateus, zona leste da capital paulista.
A ideia surgiu após a polêmica gerada durante a apresentação do filme “Marighella” ocorrida na ocupação, em que uma foto do ator e diretor Wagner Moura comendo acarajé circulou nas redes bolsonaristas, empurrada por postagem do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Bel Coelho
O evento está sendo organizado, entre outros, por Bel Coelho, uma das mais conhecidas e reverenciadas chefs do país. Ela afirma que o almoço não é uma reação, mas uma ação de valorização da nossa cultura alimentar frente à ignorância de comentários que desconhecem a realidade brasileira.
“Obviamente que há dificuldade de acesso a um camarão tigre, um camarão rosa grande, porque são caros. Mas o camarão seco é uma comida popular e base de muitas receitas da culinária de terreiro”, explicou à coluna de Leonardo Sakamoto. “Temos que falar do acarajé, da comida de santo, da cultura afrodescendente e de como ela é fundamental na identidade da cultura alimentar brasileira.”
As refeições serão preparadas por voluntários das cozinhas solidárias, que preparam refeições para os acampamentos do MTST. O restaurante Acarajazz, que doou as quentinhas no lançamento de “Marighella“, também irá cozinhar para os sem-teto.
‘Nossa vida não pode ser apenas fila para comprar osso’
“Vamos fazer acarajé, bobó de camarão, talvez até camarão na moranga. O povo pobre não pode comer comida boa? Pode sim. Nossa vida não pode ser apenas arroz e feijão e fila para comprar osso”, afirmou à coluna Gilvânia Gonçalves, uma das organizadoras da Carolina de Jesus.
Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST, afirmou à coluna que essa é a resposta do movimento às declarações preconceituosas de bolsonaristas sobre o acarajé que Wagner Moura comeu na ocupação do MTST. “Essa gente se indigna mais com pobre comendo bem do que com gente fazendo fila atrás de osso ou lutando por restos do caminhão de lixo”, conclui Boulos.
Moção de aplausos
Foi aprovada na Comissão de Cultura da Câmara, nesta terça-feira (16), uma moção de aplausos a diretor Wagner Moura, por sua defesa da cultura e contribuição para o setor.
A proposição, de acordo com a coluna de Mônica Bergamo, foi feita pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que exaltou o trabalho de Moura à frente do longa “Marighella”.
“É fundamental que a nossa comissão se posicione reverenciando não só o diretor, [mas] os demais atores do filme pelo excelente papel que desenvolvem e pelo direito do povo brasileiro de conhecer a sua própria história de luta”, disse. Com informações da Revista Fórum.