Alunos e ex-alunos do Colégio Sartre, em Salvador, criaram um perfil em rede social para denunciar casos de racismo, LGBTfobia e machismo. A conta foi criada logo após o Ministério Público da Bahia (MP-BA) abrir inquérito para investigar uma denúncia de racismo envolvendo estudantes da unidade.
Abuso psicológico e gordofobia também estão entre as denúncias. Além disso, muitos estudantes afirmam que procuraram a direção da escola para registrar as situações, mas foram negligenciados pelo Sartre.
Já na descrição do perfil, os denunciantes dizem que a denúncia apurada pelo MP-BA “não foi um caso isolado” e que é uma forma de organização para mostrar isso. O fato a que eles se referem veio à tona na última semana, quando mensagens racistas trocadas entre estudantes foram divulgadas na internet.
As mensagens tinham tom de ameaça e deboche contra pessoas negras. Um dos alunos chegou a escrever que queria que os pretos morressem, enquanto outro enviou uma imagem de uma caricatura, com uma faca em mãos e os dizeres “se há preto por perto, fique esperto”.
Em nota, a assessoria de comunicação do Sartre informou que acompanha com preocupação a criação do perfil anônimo em rede social. Ainda em nota, a direção da escola reforçou que está aberta a receber qualquer denúncia e se comprometeu em apurar os fatos e tomar as medidas necessárias.
Perfil na internet
O nome do perfil, “Jean Paul Arrependido”, ironiza com o fato de que foi um filósofo francês conhecido por apoiar e militar em favor de políticas de defesa dos Direitos Humanos. Até a publicação desta reportagem, 88 casos denúncias já haviam sido publicadas.
Em várias publicações, os estudantes que relataram os casos afirmam que professores, coordenadores e a direção da escola teve acesso às denúncias na época dos casos, mas que nada foi feito pelos responsáveis pelo colégio.
No site do Sartre, uma nota de posicionamento diz que a escola “repudia veementemente qualquer ação ou comportamento que desrespeite a dignidade das pessoas, incluindo atitudes discriminatórias e preconceituosas”. Veja nota completa do Sartre abaixo.
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Machismo e assédio
Entre as queixas mais recorrentes no perfil, estão denúncias contra professores, que constrangiam alunas sexualmente e fazia piadas de cunho sexual com as estudantes. As denúncias mencionam educadores das disciplinas de Matemática e Ciências.
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Racismo
Denúncias de racismo também estão no perfil. Grande parte delas está relacionada a estudantes que proferiam insultos racistas, e estudantes que eram chamadas de sujas por causa do cabelo e da cor da pele. Uma das ex-alunas chegou a falar sobre um professor.
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LGBTfobia
Queixas de discriminações LGBTfóbicas também aparecem em grande quantidade no perfil. Vários alunos relataram sobre ameaças que recebiam de um colega que era declaradamente homofóbico e simulava tiros contra alunos gays.
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Abuso psicológico
Relatos de abuso psicológico também estão presentes no perfil. As denúncias vão desde ataques de outros estudantes, até de professores.
Nota do Sartre na íntegra
“O Sartre – Escola SEB acompanha com preocupação a criação de um perfil anônimo em rede social, em que são descritas supostas situações vivenciadas no ambiente escolar.
O Sartre – Escola SEB é uma instituição de ensino comprometida com uma educação humanística, inclusiva, pautada na diversidade e reconhecida há mais de 50 anos como referência em nossa cidade e repudia veementemente ações racistas, desrespeitosas ou por discriminação por orientação religiosa ou sexual a seus alunos ou a qualquer outro membro da comunidade escolar.
A direção da escola reforça que está aberta a receber qualquer denúncia e compromete-se a apurar os fatos e tomar as medidas necessárias”.Com informações do g1 Bahia.