Após voltar para casa junto a parlamentares do Centrão no ato de filiação ao PL há menos de uma semana, Jair Bolsonaro (PL) já mudou seu discurso e agora diz que não pode garantir que não existe corrupção em seu governo.
“Não vou dizer que em meu governo não tem corrupção. A gente não sabe o que acontece. Se tiver qualquer problema, a gente vai investigar isso. Eu não posso dar conta de mais de 20 mil servidores comissionados, ministérios com 300 mil funcionários”, disse a um grupo de apoioadores no cercadinho do Palácio da Alvorada na manhã desta segunda-feira (6).
Vice do centrão?
Bolsonaro ainda negou que terá um vice do centrão, atacando as especulações de nomes que teriam sido publicados pela imprensa, citando nominalmente a revista Veja.
“Estão sempre tentando atrapalhar. A Veja… eu vou escolher um nome do centrão para 22. Eu não tenho o nome de ninguém definido ainda”, disse, reclamando da divulgação feita pelos próprios pretendentes ao posto.
“É o tempo todo. Aí tem gente que coloca o nome lá, passa a matéria – os nomes que estão lá, a princípio é alguém que passou a matéria – pra se cacifar. Eu já falei: quem aparecer como se cacifando já está cortado”, afirmou.
Filiação ao PL e corrupção
Ao lado de Valdemar da Costa Neto, que já foi condenado e preso por corrupção, Jair Bolsonaro abandonou uma de suas principais bandeiras da campanha de 2018 ao se filiar ao PL, um dos partidos mais fisiológicos do Centrão.
Durante seu discurso, de pouco mais de 15 minutos, Bolsonaro não tocou no tema da corrupção, um dos seus principais discursos junto a apoiadores da ala mais radical.
Ao contrário, Bolsonaro, que durante quase 30 anos, fez parte do Centrão na Câmara dos deputados, disse estar se sentindo em casa.
“Estou me sentindo aqui em casa. Arthur Lira. Dentro do Congresso Nacional. Vocês me trazem lembranças agradáveis, de luta, de embate. Eu vim do meio de vocês, fiquei 28 anos dentro da Câmara dos Deputados, como poucos aqui atingiram esse tempo. E há uma semelhança muito grande entre nós”, disse Bolsonaro.
Três dias depois, reportagem de Paulo Cappelli e Rodrigo Rangel na Crusoé mostrou o presidente do PL no Maranhão, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho segurando diversos maços de dinheiro que seriam propina desviadas de emendas do chamado “orçamento secreto”, esquema de compra de votos que o governo implantou juntamente com Arthur Lira (PP-AL) no Congresso. As imagens teriam sido captadas por uma câmera instalada pela PF, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), no gabinete político do deputado em São Luís, no Maranhão.
Maranhãozinho é investigado em ao menos dois inquéritos da PF sobre compra e venda de votos com emendas parlamentares. Algumas negociatas foram feitas com as emendas do relator, controladas por Lira, que abastecem o chamado “orçamento secreto”. Com informações da Revista Fórum.