O humorista Ivanildo Gomes Nogueira, mais conhecido pelo personagem Batoré, morreu nesta segunda-feira (10), aos 61 anos, em São Paulo. Ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Batoré estava com sérios problemas de saúde há mais de um ano. Ele teve depressão, estava lutando contra um câncer e sofria com sequelas da Covid-19, que o atingiu há 6 meses e causou sua internação por 42 dias. Além disso, o humorista tinha diabetes e era hipertenso.
Na madrugada desta segunda, o humorista começou a passar mal, com fortes dores de cabeça e sangramento no nariz. Ele foi levado de ambulância até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), em Pirituba, na Zona Norte da capital de São Paulo, mas não resistiu a uma parada cardiorrespiratória.
Momento difícil
Em entrevista ao Melhor da Tarde, em maio de 2021, Batoré relatou que vivia um momento muito difícil. Após ter sido demitido de “A Praça é Nossa”, do SBT, ele descreveu ter vivido um quadro de depressão muito grande.
À época, ele estava com início de anemia e havia perdido 14 kg. O humorista contou que a pandemia o impediu de trabalhar e de seguir com alguns projetos. “Eu sempre falei que pobre não morre de depressão. Hoje eu falo diferente: pobre morre de depressão, mas ele não sabe o que é”, disse.
“Quando eu voltei para A Praça, eles não tinham dinheiro para me contratar. Fizemos um contrato de cachê baixo, mas depois das férias eu seria contratado. Porém, veio a pandemia e eu recebi a ligação de que não iria gravar mais. Nos proibiram de trabalhar e começaram a chegar os boletos”, explicou.
Além das contas, Ivan tinha pensão alimentícia dos seus filhos para pagar e afirmou que imaginá-los passando fome foi um gatilho muito grande. “Eu pensei em ir até atrás da pessoa que determinou que a gente parasse de trabalhar”, revelou.
De ex-jogador a Batoré: a carreira de Ivanildo
Nascido em Serra Talhada (PE), Ivanildo se mudou para São Paulo com os pais e os irmãos ainda criança.
Na juventude, tentou ser jogador de futebol e treinou nas categorias de base de diversos clubes. Mas foi em 1981 que Ivanildo, então jovem jogador do Ituano, teve o tornozelo fraturado por um companheiro de equipe durante um treinamento. Afastado do futebol pela grave lesão, viu seu futuro mudar quando criou uma esquete que daria origem ao seu personagem mais famoso.
Após aparições em programas de calouros na TV, na década de 80, ele só se tornou conhecido ao entrar para o time de “A Praça é Nossa” na década de 90.
Junto com o seu visual marcante, o personagem é lembrado até hoje por um de seus bordões mais conhecidos: “Ah, para oh” e “Você pensa que é bonito ser feio?”.
Além de contar piadas, Batoré usava o humor para zombar da sua própria feiura e pobreza. Após 13 anos de SBT, foi demitido em 2013, durante uma crise da emissora como forma de contenção de gastos. Depois, o personagem atuou em atrações como “Escolinha do Gugu”, na TV Record, e na novela “Velho Chico” e “Cine Holliudy”, da Globo.
Na época da demissão de Batoré foi escancarada pela mídia uma briga dele com Carlos Alberto de Nobrega, que ficou até 2016 sem falar com o humorista. E foi em 2016 que Ivanildo trabalhou como ator na novela “Velho Chico”, da Rede Globo.
Em 2020, ele voltou a gravar na “Praça”, mas novamente a atração teve as gravações interrompidas, desta vez por conta da pandemia do coronavírus. Sem trabalho, Ivan acabou entrando em depressão por conta de problemas financeiros.
Vida política
Batoré foi eleito como vereador em Mauá pelo Partido Progressista (PP), mas teve seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral por infidelidade partidária, já que ele migrou para o PRB após ser reeleito.
Em vídeo que viralizou recentemente, o humorista fez críticas ao Supremo Tribunal Federal e do Congresso. A gravação foi feita em 2019. Ele era defensor do presidente Jair Bolsonaro (PL). Com informações da Band.