O coach motivacional Pablo Marçal, que colocou 32 pessoas em perigo ao liderar uma expedição ao topo do Pico dos Marins, no interior de São Paulo, apareceu em um vídeo em uma igreja evangélica tentando fazer uma mulher cadeirante voltar a andar.
Na gravação, Pablo coloca a mulher em uma situação extremamente constrangedora ao pedir que ela se levante da cadeira de rodas após ela dizer que “quer dançar com Jesus”. Segurada por outras pessoas, a mulher, que não tem o movimento das pernas, permanece parada.
“Em nome de Jesus. Se concentra. Tira esse estado de curiosidade e concentra na poderosa, manifesta, glória dele”. Ao perceber que nada estava acontecendo, ele solta um “caramba” e coloca a culpa na plateia. Depois, tenta remendar com palavras motivacionais: “Abre os olhos. Dá um passo para você pegar na mão dele. Solta a sua perna direita”, diz à mulher que, segurada por outros fiéis, permanece parada.
“O que você sente?”, pergunta Pablo à ela. “Vontade de dar um passo”, responde a mulher. “Vontade, vai”, diz o coach. A fiel não consegue movimentar as pernas e volta a ser colocada na cadeira de rodas.
O coach que colocou pessoas em risco no Pico dos Marins é de uma igreja/empresa evangélica de Goiânia. Além de mandar pessoas “se f… em nome d Jesus”, ele também diz fazer milagres. Neste caso, não deu certo. pic.twitter.com/dMPJIynQIb
— Andrade (@AndradeRNegro2) January 8, 2022
O momento mostrado no vídeo aconteceu durante o evento “O Chamado dos generais”, que ocorreu no dia 29 de dezembro de 2021, em Goiânia. Segundo a descrição, foram “12h de imersão, pensadas para transformar a vida dos participantes, na qual abordará conteúdos mais profundos sobre inteligência emocional, espiritual e intelectual”
Com um público de cerca de 15 mil pessoas, os ingressos custavam de R$ 97 + taxas até R$ 977 + taxas – isso no primeiro lote.
Após colocar 32 pessoas em perigo, coach diz que “alguns não suportam quem corre riscos”
Uma expedição para 32 pessoas ao topo do Pico dos Marins, no interior de São Paulo, da qual Marçal foi líder, teve de ser resgatada pelo Corpo de Bombeiros na última quarta-feira (5). Além de ter colocado as pessoas em perigo, o coach minimizou a situação.
Em uma live no Youtube feita um dia depois do resgate, ele afirmou que “não mandou ninguém subir” e que “cada um estava sob a própria responsabilidade.”
“Algumas pessoas não suportam quem corre risco. Se você é uma pessoa que não corre risco, dificilmente você vai governar ou chegar no topo. Na nossa subida ontem na montanha, a gente correu muito risco. Aí alguém me fala: ‘Mas pra que correr risco?’ Se você não quer correr risco, fica na sua casa assistindo os stories”, disse.
“Eu não mandei ninguém subir. Eu fui na frente. Fui lá, subi e resolvi. ‘Ah, Pablo. E se alguém tivesse se machucado?’ Cada um subiu sob a sua responsabilidade. Só que é o seguinte: é igualzinho a sua vida. Vai vir um monte de protetor de montanha para querer falar o que você tem que fazer da sua vida. Você vai escrever agora: ‘Eu que decido o que devo fazer”, continuou.
Segundo o g1, o Corpo de Bombeiros criticou a situação e considerou a ação de alto risco, já que a subida da montanha é recomendada apenas nos períodos de estiagem, com guia e equipamentos de segurança.
O resgate foi acionado por volta das 2h30, depois que o grupo teve barracas arrastadas pela ventania e as pessoas ficaram molhadas, sob risco de hipotermia – no pico, à noite, a temperatura chega perto de 0°C.
As 32 pessoas que foram resgatadas participavam de um treinamento motivacional do coach. Originalmente, a expedição contava com 60 integrantes, mas quase a metade deles desistiu da expedição, seja por cansaço ou pelas más condições do tempo. Redação da Revista Fórum.