A história de superação de oito trabalhadoras de limpeza urbana de Juazeiro (Bahia) e Petrolina (Pernambuco) é contada no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da jornalista Gislaine Milca, que virou o livro-reportagem ‘Os Caminhos das Margaridas’ e passa pelo processo de pré-lançamento com ação de base após 5 anos de estudo e produção. Esta semana, a comunicóloga apresentou o livro às mulheres que cederam suas histórias para a narrativa, no município de Juazeiro, com o apoio do SindilimpBA. De acordo com a autora, a publicação leva o leitor a percorrer os caminhos trilhados por cada uma das profissionais. “Caminhos do passado, sendo a infância, adolescência e juventude; e os do presente, sendo as ruas, travessas e avenidas onde fazem a varrição diária, que pude percorrer e conhecer”, salienta Gislaine Milca.
Ela ressalta que o objetivo do livro “é contribuir na visibilidade da classe na luta por melhores condições de trabalho, direitos trabalhistas garantidos, respeito e valorização”. Milca aponta que escolheu falar especificamente sobre as margaridas porque “enquanto ia de casa até a faculdade [moro em Petrolina] via muitas delas nas ruas e avenidas por onde passava. Depois passei a pesquisar se tinham trabalhos focados em mulheres que trabalham na limpeza urbana e encontrei apenas um livro de Camila de Almeida Miranda, intitulado de ‘Mulheres Garis’, que tem uma escrita mais acadêmica. Já o meu é um livro-reportagem”. A autora também explica como começou o processo de produção e como foi que apresentou a publicação para editora. “Apresentei ‘Os Caminhos das Margaridas’ em 2019. Em 2020, submeti para a ‘Temporada de Originais da Editora Letramento’ e ele foi aceito”.
O livro-reportagem de Gislaine Milca foi publicado em outubro de 2021 e ainda não houve o lançamento oficial. “Estou fazendo um trabalho de base, entregando primeiro às entrevistadas. Afinal, há 5 anos elas esperaram junto comigo para ver o resultado. Fiz um planejamento para não pular etapas. Entreguei às margaridas de Juazeiro dia primeiro deste mês. Agora estou em conversa com o pessoal de Petrolina para eu fazer o mesmo. Depois disso, vou fechar a data oficial do lançamento”, frisa a autora. Ela complementa que depois do lançamento o objetivo é espalhar a mensagem. “Onde tiver a oportunidade, palestras, debates, rodas de conversa estarei presente [se acompanhada de pelo menos uma delas e o pessoal do sindicato, melhor ainda]. Acredito muito na força do diálogo e de boas histórias para a mudança de mentalidade”.
Gislaine reforça que as pessoas precisam reconhecer mais o trabalho dos garis e das margaridas. “No que eu puder ajudar, estarei à disposição. Comecei em 2018 as entrevistas com cinco margaridas de Juazeiro e três de Petrolina [sendo essas, reeducandas em processo de reinserção social]. Com as entrevistadas de Juazeiro, de início eu tive o apoio de Jamay e Elielson do SindilimpBA e, consequentemente, a confiança das trabalhadoras. Em Petrolina, tive o apoio do Patronato Penitenciário”, finaliza a autora, que disponibiliza o link de acesso ao livro: https://bit.ly/caminhodasmargaridas .