O apresentador Bruno Aiub, o Monark, do ‘Flow Podcast’, divulgou vídeo na tarde desta terça-feira (8) em que alega que estava bêbado quando defendeu a ideia de legalização de um partido nazista no Brasil durante entrevista com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) na noite anterior.
“Eu queria fazer esse vídeo só para pedir desculpas mesmo porque na verdade eu errei. A verdade é essa. Eu tava muito bêbado e eu fui defender uma ideia que é uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos EUA por exemplo, mas fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado“, diz Monark no vídeo. Em seguida, ele comentou sobre a reação da comunidade judaica sobre a sua “ideia”.
“Eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica e, porra, peço perdão, tá ligado? Pela minha insensibilidade”. Monark também pediu “compreensão pois são quatro horas de conversa” – assista aos vídeos abaixo.
https://twitter.com/monark/status/1491087946853675008
Patrocinadores retiram apoio
A declaração de Monark, pedindo desculpas pela sugestão, aconteceu após os patrocinadores do podcast sinalizarem uma debandada em massa. Em entrevista à Fórum, a antropóloga Adriana Dias Higa, que pesquisa a atividade de neonazistas no Brasil, afirma que, “neste momento os patrocinadores de Monark endossam a formação de um partido nazista” e que os deputados federais Kim Kataguiri (DEM-SP), que também participou do programa, e Tabata Amaral deveriam ter dado voz de prisão ao apresentador do Flow Podcast.
“A primeira coisa que eu tenho para dizer: as pessoas que patrocinam Monark nesse momento ou que endossam a fala dele através de alguma forma de benefício, nesse momento endossam a formação de um partido nacional-socialista, a formação de um partido nazista”, diz Adriana Dias.
Adriana Dias também explica o motivo pelo qual o nazismo não pode ser tratado como liberdade de opinião. “Dar voz a uma minoria, a um partido nazista, não é dar voz a uma liberdade de opinião, porque rapidamente grupos radicais como o partido nazista, usam de todas as ferramentas possíveis e terríveis de violência para chegar ao poder e destruir todas as outras minorias”, afirma Dias.
Já o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept, classificou como censura a posição da deputada, que se contrapôs ao apresentador.
“Acho que @TabataAmaral e outros defensores da censura devem ter cuidado ao usar judeus como um argumento. Foram os judeus americanos que, como minoria, lideraram a luta pela liberdade de expressão, incluindo advogados judeus da esquerda defendendo o direito deles de protestar”, escreveu Glenn em sequência de tuites na rede social na manhã desta terça-feira (8).
Também pela rede, Tabata também se manifestou após a participação no programa. “A nossa liberdade termina quando começa a do outro. Ponto final. O nazismo e outras ideologias que ameaçam a existência e integridade de pessoas ou grupos, sejam judeus, PCD, negros ou LGBTQIA+, são intoleráveis e devem ser banidas. Isso sempre foi e será inegociável para mim”, escreveu. Com informações da Revista Fórum.