O amigo de infância do investigador Yago da França Souza Avelar, 39, que está internado após grave acidente na BA-233, trecho entre o povoado ‘Alto Vermelho/Santa Quitéria’, entre os municípios de Itaberaba e Ipirá, localizados na Chapada Diamantina, se passou por médico para ter acesso às informações sobre o estado de saúde do policial. Identificado como Fábio Camilo, o homem alega ser cirurgião na Organização das Nações Unidas (ONU).
No sábado (5), a Polícia Civil tinha confirmado a morte cerebral de Yago, um dia após o acidente veicular que ocorreu na última sexta-feira (4) e que deixou dois policiais mortos, além de quatro detentos feridos. No entanto, na terça-feira (8) voltou atrás e informou que um médico responsável pelo atendimento do investigador resolveu solicitar novos exames antes de atestar a morte cerebral.
Familiares apontam que Fábio tinha perdido o contato com Yago há alguns anos, quando teria ido para a Argentina estudar medicina. Contudo, aos policiais, o homem não apresentou documentação comprovando o legal direito de exercer a profissão. Ele se vestia de jaleco, usava um estetoscópio e tinha acesso à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde o policial está e desde então, fornecia informações do quadro clínico aos familiares.
Em áudios, o suspeito deu esperanças à família sobre o estado de saúde. “Yago está vivo. Ele não está morto. Essa morte cerebral que foi decretada a ele não é real. Existe a possibilidade de vida, porque o coração dele está batendo perfeitamente sem medicamento, o pulmão dele está respirando sem medicamento. Ele está lutando a favor da vida. Então fique tranquila porque Yago não morreu, está vivo. Se coloque em oração, porque ele está vivo”, disse.
O falso médico foi autuado em flagrante por exercício ilegal da profissão e falsidade ideológica e está preso na carceragem da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, já que a 1ª Delegacia passa por reforma. O nome do homem não foi divulgado pela Polícia Civil, que instaurou inquérito e vai apurar também o acesso ao HGE. Ainda não se sabe a motivação das gravações. Ele agora aguarda a audiência de custódia, que será determinada pela Justiça.
“O que chamou atenção dos policiais e de familiares é que as informações que ele trazia conflitavam com as informações oficiais. Policiais civis o abordaram e pediram a identificação médica. Ele disse, em um primeiro momento, que era formado em Stanford nos Estados Unidos, com especialização na Argentina. Já na delegacia, ele disse q tinha curso de medicina na Argentina, mas no interrogatório, ele voltou a se contradizer e disse que fez o curso mas não se formou”, disse o delegado Maurício Moradilo, da 1ª Delegacia, responsável pelo caso.
Acidente
Na ocasião, o veículo da polícia seguia para Salvador quando sofreu o acidente. Com o impacto, o carro teve o eixo traseiro e a roda dianteira arrancados, ficando completamente destruído. Pelas imagens, é possível ver que o veículo chegou a capotar. Ainda não há detalhes sobre causas e circunstâncias do acidente, que seguem sendo apuradas pela Polícia Civil.
Por meio de nota, a Polícia Civil lamentou o ocorrido e prestou solidariedade as famílias: “A toda a família e amigos, a Polícia Civil da Bahia estende as condolências e une-se no luto”. A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar a causa do acidente.
Ainda no acidente, ao menos quatros homens, que eram presos e estavam sendo transportados para a sede do Serviço de Polícia Interestadual (Polinter). ficaram feridos. Eles foram socorridos para a Unidade Pronto Atendimento (UPA) de Itaberaba. Um desses já foi liberado e está preso na delegacia de Itaberaba. Dois foram transferidos para o Hospital Geral do Estado (HGE) e o último segue na UPA. Não há detalhes sobre o estado de saúde eles.
Duas vítimas
No mesmo acidente, dois policiais morreram no local. Eles foram identificados como Kleber Correia Cardoso, 42 anos, e Matheus Guedes Malta Argolo, de 31. Eles eram lotados na 13ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Seabra). Jornal da Chapada com informações de G1 Bahia.