A defesa do homem que foi preso ao se passar por médico no Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, alega que a prisão aconteceu de maneira arbitrária e pede relaxamento da medida. Os advogados alegam que Fábio dos Santos Virgem se identificou como estudante e não como profissional de medicina.
No HGE, o suspeito chegou a passar informações à família do policial Yago da França Souza Avelar, vítima de um acidente na BA-233, na última sexta-feira (4). Fábio dos Santos Virgem seria ouvido na manhã desta quinta-feira (10) em uma audiência de custódia na Central de Flagrantes da Polícia Civil, no entanto, o procedimento foi suspenso e ele voltou para a carceragem da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), onde está preso.
O advogado que representa o suspeito, André Queiroz, disse que o pedido deve ser analisado pela Justiça ainda nesta quinta-feira. Questionada sobre o carimbo médico com numeração de inscrição no Conselho Regional de Medicinal (CRM) inexistente, em nome de “Fábio C. Michel Abrahim”, a defesa disse que desconhece o material.
O homem foi preso na terça-feira (8), enquanto se passava por médico e tinha acesso às informações sobre o estado de saúde do investigador Yago da França Souza Avelar, de quem, segundo familiares da vítima, era amigo de infância. O policial permanece internado no HGE.
Segundo a família do policial, Fábio e Yago perderam o contato há alguns anos, quando Fábio teria ido para a Argentina para estudar medicina. No entanto, ao ser abordado por policiais, o homem não apresentou nenhum documento que comprovasse que poderia exercer a medicina.
No sábado (5), a Polícia Civil chegou a confirmar a morte cerebral do investigador, mas voltou atrás na terça-feira (8) e disse que um médico da equipe que atende Yago pediu novos exames antes de atestar a morte cerebral.
Yago sofreu um acidente na BA-233, na região da Chapada Diamantina, enquanto levava presos em uma viatura, na última sexta-feira (4). No capotamento, dois policiais, Kleber Correia Cardoso, de 42 anos, e Matheus Guedes Malta Argolo, de 31, morreram e quatro detentos ficaram feridos. A família de Yago divulgou os áudios que recebeu do falso médico. Na gravação, o suspeito dá esperanças a família sobre o estado de saúde do investigador.
“Fique tranquila, porque Yago está vivo. Ele não está morto. Essa morte cerebral que foi decretada a ele não é real. Existe a possibilidade de vida, porque o coração dele está batendo perfeitamente sem medicamento, o pulmão dele está respirando sem medicamento. Ele está lutando a favor da vida. Então fique tranquila porque Yago não morreu, está vivo. Se coloque em oração, porque ele está vivo”, disse ele no áudio.
Delegado apontou contradições em depoimento
Segundo o delegado Maurício Moradilo, da 1ª Delegacia, responsável pelo caso, durante o depoimento, o falso médico se contradisse, em relação à primeira abordagem, e apresentou versões diferentes sobre sua suposta formação.
“O que chamou atenção dos policiais e de familiares é que as informações que ele trazia conflitavam com as informações oficiais. Policiais civis o abordaram e pediram a identificação médica. Ele disse, em um primeiro momento, que era formado em Stanford nos Estados Unidos, com especialização na Argentina. Já na delegacia, ele disse q tinha curso de medicina na Argentina, mas no interrogatório, ele voltou a se contradizer e disse que fez o curso mas não se formou”, disse o delegado.
Acidente
O acidente aconteceu na manhã da última sexta-feira (4), na BA-233, no trecho do povoado Alto Vermelho/Santa Quitéria, entre as cidades de Itaberaba e Ipirá. Ainda não há detalhes sobre as causas do acidente, que serão investigadas pela Polícia Civil.
A viatura onde os policiais estavam teve o eixo traseiro e a roda dianteira arrancada com o impacto da colisão. O veículo seguia de Ipirá para Salvador quando capotou. Os agentes transportavam quatro presos para a sede do Serviço de Polícia Interestadual (Polinter). Com informações do g1 Bahia.