O vereador de Curitiba (PR), Renato Freitas (PT), declarou, nesta quarta-feira (23), que se ressentiu com a crítica que recebeu do ex-presidente Lula (PT), após ter comandado um protesto em uma igreja da capital paranaense.
“Fiquei triste porque ele não me ouviu. Não me perguntou o que, de fato, tinha ocorrido. Porém, achei razoável a ponderação do Lula. Se alguém se sentiu ofendido pela forma como foi feito o protesto, não pelo conteúdo, peço perdão”, destacou o vereador, em entrevista ao Fórum Onze e Meia.
“A primeira coisa que eu queria dizer ao povo do Paraná é que o nosso vereador tem o direito de fazer protesto contra o racismo. O que ele não tem direito é de entrar em uma casa religiosa para fazer o seu protesto. Então, ele está errado. E se ele está errado, ele precisa humildemente entender que a palavra desculpa não é uma palavra que diminui a pessoa. A palavra desculpa engrandece quem tem a grandeza de pedir desculpas”, disse Lula, na ocasião.
Freitas, que está sendo acusado por setores da direita de ter invadido a igreja, revelou que o protesto no dia 5 de fevereiro foi pacífico e lembrava assassinatos brutais de dois negros.
Uma das vítimas foi o congolês Moïse Kabagambe, que cobrou atraso no pagamento de seus honorários, em um quiosque, no Rio de Janeiro, e morreu agredido violentamente. O outro foi o caso de Durval Teófilo Filho, assassinado por um sargento da Marinha, que supostamente o confundiu com um criminoso.
O vereador contou que o protesto transcorria pacificamente do lado de fora da igreja. “Quando a missa acabou, as pessoas foram saindo e o padre foi até onde estávamos e quis proibir o protesto, quando deveria ter acolhido nossa causa”.
Freitas, lembrou, ainda, que as pessoas começaram a acusar o padre de “racismo institucional”. “Foi quando ele provocou e fez o sinal de positivo. Em reação, as pessoas entraram na igreja e interpretaram alguns cantos de capoeira e de valorização da nossa cultura. Isso durou cerca de seis minutos, apenas. Não houve invasão, porque a igreja estava aberta e a missa já havia terminado”.
Protesto na igreja serve para debater conteúdo do cristianismo, diz vereador
O parlamentar ressaltou que o episódio deve servir, inclusive, para debater o conteúdo concreto do cristianismo. Ele lembrou que a maioria do povo brasileiro é cristã. Porém, elegeu Jair Bolsonaro (PL), que usa, apenas, um “verniz religioso”.
“Votaram nele, que representa discórdia e morte. São coisas incompatíveis com o cristianismo. Devemos enfrentar e apontar essas contradições, é um debate importante para a democracia do Brasil. Não podemos abrir concessões”, acrescentou Freitas.
“O que se diz na Câmara é que já estou cassado “, revela Renato Freitas
O parlamentar, que afirmou já ter sido baleado por membros da Guarda Municipal de Curitiba, disse, ainda, que sofre perseguição política desde que assumiu seu cargo e, que, inclusive, está correndo sério risco de cassação do seu mandato.
“Há um histórico de perseguição. O primeiro processo que sofri de cassação, do qual fui absolvido, ocorreu porque chamei os integrantes da bancada de vereadores formada por pastores de charlatões e picaretas, porque defenderam o uso de ivermectina no tratamento da Covid-19”, relatou.
Agora, ele vê, novamente, o perigo de ser afastado da Câmara. “O que se diz na Câmara é que já estou cassado. Tive embates com vereadores e com o prefeito Rafael Greca (DEM). Isso gerou perseguição. Nós, negros, ainda falamos sozinhos, somos figurantes do jogo político. Mas, se isso acontecer, vamos tentar reverte na Justiça”, completou Renato Freitas. Com informações da Revista Fórum.
Assista à entrevista na íntegra: