Lázaro Ramos estreia como diretor de cinema em ‘Medida Provisória’ com o compromisso de não animalizar pessoas pretas em lutas sociais. O filme foi roteirizado com base na peça ‘Namínia, não!’, do ator e escritor baiano Aldri Anunciação.
Medida Provisória foi roteirizado com base na peça “Namínia, não!”, do ator e escritor baiano Aldri Anunciação – que também atua na obra. O longa apresenta uma distopia em que negros são enviados para países da África, sob uma suposta ação de reparação social do governo brasileiro pela escravidão.
O texto conta a história dos primos André e Antônio – interpretados no cinema por Seu Jorge e Alfred Enoch –, que ficam confinados em casa, em um ato de resistência à medida provisória que determina essa “repatriação”.
Lázaro conta que a maior dificuldade para roteirizar e dirigir o texto de “Namínia, não” foi transformar e adaptar os elementos da peça para a linguagem do cinema. “Foi um trabalho longo que durou, pelo menos, sete anos. Foi de muita pesquisa, de muitas idas e vindas, de muita consultoria, que chegou até a hora da edição. No final, eu tinha 29 versões do filme, e eu não sei como a editora teve paciência comigo, porque todo dia eu mudava de ideia”, contou Lázaro ao G1 Bahia.
Já para Aldri, a principal dificuldade foi sair do confinamento, porque a peça tem a limitação de cenários que o filme não exige. “É uma história que se passa no confinamento de dois primos, no quarto, numa sala, num apartamento. Então sair dali – e a gente está vivendo um pouco disso, de sair do confinamento – é um problema”, relatou ao site.
Além do próprio Aldri, estrelam o filme ainda nomes como Taís Araújo, Renata Sorrah, Adriana Esteves, Emicida e Jéssica Ellen. Lázaro usou a experiência e a bagagem que tinha de trabalhos anteriores com esses e outros artistas para dirigir o longa.
Nas entrelinhas, Medida Provisória apresenta pessoas negras em diversos lugares, inclusive fora da história, seja em um livro do jornalista americano e Ta-Nehisi Coates, uma foto da escritora mineira Conceição Evaristo, ou uma música do rapper baiano Baco Exu do Blues.
Segundo eles, todas as referências foram milimetricamente planejadas pela equipe. “Era a missão da equipe, uma equipe que é majoritariamente negra, que tem também toda a sua bagagem e trouxe para o filme”, relatou Aldri. Jornal da Chapada com informações de G1 Bahia.