O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta sexta-feira (29), durante uma palestra a estudantes de Direito da Faculdade do Largo de São Francisco, da USP, que o inquérito das Fake News não será arquivado e deixado para trás, como teria sido dito por algumas personalidades políticas e veiculado na imprensa.
Moraes contou que as investigações estão avançadas e que chegar aos nomes dos financiadores do esquema criminoso dos aliados de Bolsonaro é só uma questão de tempo.
“Não vai arquivar inquérito de fake news nenhum. Nós estamos chegando aos financiadores. As pessoas não entendem que a investigação tem o seu momento público e tem o seu momento sigiloso, que no mais das vezes é o mais importante, quando você vai costurando as atividades ilícitas que a Polícia Federal está investigando”, contou o magistrado.
O homem que virou uma pedra no sapato de Jair Bolsonaro, e que tem servido como freio para as aspirações golpistas e ditatoriais do presidente extremista fez questão de salientar que as fake news distribuídas nas redes não são bobagens, mas sim uma prática organizada e com claros objetivos.
“Desinformação não é ingênua. A desinformação é criminosa, tem finalidade. Para uns é só um enriquecimento. Para outros é a tomada do poder sem controle. Então nós, que vivemos do direito, que defendemos a democracia, nós temos que combater a desinformação”, bradou Moraes.
Durante a palestra, o ministro da mais alta corte do Judiciário brasileiro ainda disse para os estudantes que é inadmissível que alguém incite abertamente a instauração de um novo AI-5, o mais cruel e autoritário ato da Ditadura Militar (1964-1985), implantando em 1968. Quem fez isso foi o deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PTB), que foi preso e levado a julgamento por determinação de Moraes. O parlamentar foi condenado este mês pelas atitudes incivilizadas e de banditismo, o que resultou numa crise institucional entre os poderes da República depois que Jair Bolsonaro o concedeu um perdão presidencial.
“Não é possível defender volta de um ato institucional número cinco, o AI-5, que garantia tortura de pessoas, morte de pessoas, o fechamento do Congresso, do poder Judiciário. Ora, nós não estamos em uma selva. Liberdade de expressão não é liberdade de agressão. Democracia não é anarquia”, concluiu Moraes. Redação da Revista Fórum.