Com 10,4 milhões de eleitores, a Bahia é estado mais populoso do Nordeste e o quarto maior colégio eleitoral do país.
Pesquisa Quaest no estado, divulgada hoje, mostra que Lula cresceu cinco pontos na espontânea, de março a maio, para 45%.
Bolsonaro cresceu 2 pontos, para 13%. Ciro ficou estagnado em 1%. A Quaest fez 1.140 entrevistas presenciais, entre os dias 13 a 16 de maio. Na estimulada, Lula cresceu 1 ponto para 63%, e Bolsonaro avançou duas casas, para 17%.
Ciro manteve os mesmos 5% de março. Todos os outros candidatos, somados, caíram de 7% para 5%. Em votos válidos, Lula já tem 70% na Bahia, contra 19% de Bolsonaro e 5,6% de Ciro.
Na estratificação por religião, Lula tem 43% dos votos totais dos eleitores evangélicos, o que corresponderia a 51% dos votos válidos. No mesmo segmento, Bolsonaro tem 30% dos votos totais, ou 35% dos votos válidos. Ciro pontua 4% entre evangélicos.
A força de Lula entre evangélicos baianos mostra uma situação invertida ao que vemos no Rio de Janeiro, e indica que o bolsonarismo é hegemônico entre evangélicos apenas quando ele se soma a um fator regional.
Ou seja, Bolsonaro é forte entre evangélicos fluminenses não apenas pela questão religiosa, ou de costumes, mas sobretudo porque o presidente tem uma base eleitoral mais forte no estado do Rio.
Entre católicos, a liderança de Lula na Bahia é ainda mais impressionante: o petista tem 74% dos votos válidos entre católicos baianos, contra 15% de Bolsonaro.
Segundo a Quaest, 49% dos baianos são católicos, 25% evangélicos, 20% não tem religião e 4% professam outras religiões. Num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o petista abriu quase 50 pontos de diferença.
Um dado interessante levantado pela pesquisa é a força do PT no estado da Bahia. Segundo a Quaest, 23% dos baianos tem identificação partidária com o partido. O segundo lugar é ocupado pelo PSDB, com 1%. Nenhum outro partido pontua.
Entretanto, 67% dos baianos responderam que rejeitam “todos” os partidos, um sinal de que a ausência de outras identificações partidárias se dá pela ausência de organização de outras forças políticas, pois espaço para crescer não falta.
A avaliação de Rui Costa registrou uma melhora de 3 pontos entre eleitores evangélicos, de 33% para 35%, contra 25% de rejeição. Entre católicos, Rui é aprovado por 50% dos baianos, e rejeitado por 15%.
A avaliação de Rui Costa, de maneira geral, melhorou nos últimos meses, o que pode ajudar tanto Lula como o candidato a governador pelo PT.
Segundo a Quaest, 49% dos eleitores de Ciro Gomes devem migrar para Lula num eventual segundo turno entre o petista e Bolsonaro; outros 23% devem optar por Bolsonaro, e 28% disseram que anularão seu voto ou se abster.
O cruzamento das intenções de voto num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, com as declarações de voto no segundo turno de 2018, mostra que Lula está levando vantagem em pontos importantes:
Apenas metade (51%) dos eleitores de Bolsonaro no segundo turno de 2018 continuam votando nele, 26% migraram para Lula e 5% para Ciro.
Já entre os que votaram em Haddad em 2018, apenas 1% votarão em Bolsonaro este ano, 89% devem ir de Lula e 4% de Ciro.
Lula deve receber 64% dos votos de eleitores que votaram nulo em 2018, Bolsonaro apenas 3% e Ciro 4%. O petista ainda acumula 56% dos votos de quem se absteve em 2018, contra 11% de Bolsonaro e 6%.
Ou seja, Bolsonaro está recebendo votos exclusivamente de quem votou nele em 2018, e mesmo assim perdeu a metade dos eleitores.
No cruzamento de dados com quem recebe o Auxílio Brasil, está claro que a estratégia de Bolsonaro, de trocar o nome do programa (que se chamava Bolsa Família), por oportunismo eleitoreiro, não deu certo: dentre os entrevistados que recebem Auxílio Brasil, 68% declararam voto em Lula.
Na Bahia, ao menos, a questão de classe ou renda não é determinante na formação do voto: Lula esmaga Bolsonaro nos três grandes grupos de renda do estado, desde os mais pobres até os mais ricos.
Entre os mais pobres, todavia, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro é superior a 50 pontos: o petista tem 67% dos votos totais entre eleitores com renda familiar até 2 salários, contra 14% de Bolsonaro e 4% de Ciro.
Na divisão por nível de escolaridade, Bolsonaro e Ciro tem pontuação um pouco melhor entre eleitores com ensino superior, embora ainda se mantenham muito distantes de Lula também neste segmento.
Entre eleitores que tem apenas até o ensino fundamental, Lula tem 69%, contra 14% de Bolsonaro e 3% de Ciro Gomes. Esse é o maior grupo do estado, representando 46% do eleitorado baiano.
A maioria esmagadora dos baianos, ou 76%, acha que Bolsonaro não merece ser reeleito. A íntegra da pesquisa pode ser lida aqui. Com informações da Revista Fórum.