Deninha Fernandes*
Analisando os números nos mapas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) constatamos a votação em nossa região. Para presidente da República, notamos que o prefeito que encostou em Jair Bolsonaro (PL) saiu ‘chamuscado’ do pleito, e os que declararam, abertamente, o apoio ao ex-presidente Lula, foram beneficiados pela fenomenal ‘onda vermelha’, ou ‘Furacão Ian’, como prefere associar alguns.
Começo minha análise pelo município de Itaberaba. O prefeito Ricardo Mascarenhas (PP) foi o grande herói dessa batalha que foi o primeiro turno das eleições gerais de 2022. Primeiro, deu a David dos Anjos (PL) uma expressiva votação, somando-se 26 mil votos, dos quais, 13.907 votos, foram em Itaberaba.
Com esse desfecho, apesar de David dos Anjos não conseguir se eleger, vislumbramos aí o surgimento de um nome forte para a eleição municipal de 2024. Para deputado federal, Ricardo Mascarenhas lutou bravamente com várias lideranças políticas municipais, inclusive contra o ex-prefeito João Almeida Mascarenhas Filho, dando a João Leão (PP) 6.992 votos, contra 5.146 votos do candidato de João Filho que foi Otto Filho (PSD).
Mas, nessa conta, temos que comparar a liderança de ambos os Mascarenhas na votação do candidato a deputado estadual, já que João Filho deu a Eduardo Alencar 4.158 votos. Sem falar, que no grupo de Ricardo, várias lideranças apoiaram outros candidatos a deputado federal, como Leur Lomanto Jr (UB), Roberta Roma (PL) e João Carlos Bacelar (PL).
É uma pena que o gestor público de Itaberaba não tenha segurado a votação de ACM Neto, já que o ex-prefeito da capital perdeu no município para Jerônimo Rodrigues com uma diferença de 4.094 votos, ou seja, Neto obteve 14.299 votos e Jerônimo 18.393 votos.
Para presidente da República todos já sabiam que Itaberaba estava fechada com o ex-presidente Lula (PT) e podemos dizer que as desavenças políticas entre Ricardo Mascarenhas e o governador Rui Costa, por conta do Hospital Regional de Itaberaba (HRI), nada teve a ver com o resultados das urnas no município.
Por tanto, na minha opinião, mesmo não elegendo David dos Anjos, Cacá Leão e ACM Neto, Ricardo ainda é o líder político de maior expressão no município, com um capital de votos e condições de trazer mais. Por conta disso, se ele quiser, pode declara apoio ao candidato que quiser neste segundo turno do pleito.
Outras lideranças políticas regionais, que se destacaram neste pleito, foram a dupla em Nova Redenção formada pela prefeita Guilma Soares e o secretário de Governo Ivan Soares, ambos do PT. Juntos e com o grupo político coeso brincaram de fazer deputados e seguraram com firmeza a votação de Jerônimo e Lula.
É uma pena que Neusa Cadoré (PT) não tenha conseguido se reeleger, mas saiu do município com 1.112 votos. E quem disse que o município ficou sem representante na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia? Matheus de Geraldo Junior (MDB) obteve 886 votos e foi eleito deputado estadual. Já os candidatos a deputado federal apoiados pela dupla foram Afonso Florence (1.354) e Neto Carletto (898), ambos eleitos.
Estreando na competição, a prefeita de Lençóis rechaçou, de vez, a oposição. Dando uma votação expressiva a Lula, Jerônimo e Otto Alencar (PSD). Em relação à dobradinha de deputados, Ivana Bastos (PSD) obteve 3.584 votos, o que corresponde a 61,55% dos votos válidos, e Otto Filho ficou com 3.652 votos, ou seja, 63,28% dos votos.
Em Utinga, não houve surpresa, apesar do candidato a deputado federal, Marcelo Nilo (Republicanos), não se reeleger. Entretanto, o grupo do prefeito Joyuson Vieira (PSB) conseguiu dar ao parlamentar federal 3.204 contra o segundo colocado que foi Otto Filho, com 1.397. Bom mesmo foi constatar a votação de Marcelinho Veiga (UB), que obteve 2.457, votação que contribuiu significativamente para sua reeleição.
Em Ibiquera, o prefeito Ivan Cláudio (PP), como diz o linguajar popular, ‘brocou’. Adolfo Viana (PSDB), seu candidato a deputado federal teve 1.470 votos (50,17% dos votos válidos). Além de segurar a votação de Lula, que obteve 2.371 votos contra 352 votos de Jair Bolsonaro (PL).
Em Marcionílio Souza, o prefeito Hermínio José Mercês, o popular ‘Corró’, foi outro estreante na competição que ‘fez bonito’. O candidato a governador do Estado, Jerônimo Rodrigues, saiu de lá com 3.726 votos, 71,61% dos votos válidos. Lula teve 4.252 votos, o que corresponde a 78,96% dos votos, e sua dobradinha de deputados foi vencedora, ou seja, Neto Carletto (federal) com 2.036 votos, Patrick Lopes (estadual) com 1.745 votos. Vale ressaltar que a votação do federal Carletto bateu recorde, sendo a maior votação dada a um candidato a deputado federal nos 60 anos do município.
Em Boa Vista do Tupim, merece destaque a votação de Adolfo Viana (PSDB), o candidato a deputado federal do prefeito Helder Lopes Campos (PSDB), o popular ‘Dinho’. Adolfo Viana obteve 2.687 votos contra o concorrente direto que foi Otto Filho com 2.324. Neste cenário, destacamos a volta da liderança do ex-prefeito João Durval Passos Trabuco, o popular ‘Gidu’, que volta à baila nesse pleito, dando uma votação quase casada ao federal Valmir Assunção (1.856 votos) e ao estadual Matheus de Geraldo Junior (1.465 votos). Isso significa que estamos corretos ao afirmar que Gidu Trabuco continua sendo o fiel da balança em uma eleição municipal.
Deninha Fernandes é editora-chefe do Jornal da Chapada