O índice de internações de bebês com idades inferiores a um ano por desnutrição no Brasil em 2021 foi o maior dos últimos 14 anos. Levantamento realizado pelo Observa Infância, ligado à Fiocruz, divulgado nesta quarta-feira (26), mostra que 2.979 hospitalizações nessa faixa etária aconteceram no ano passado.
O levantamento apontou que foram hospitalizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) oito crianças de até um ano de idade todos os dias por falta de comida em 2021. O índice mais preocupante é de que, entre janeiro de 2018 e agosto de 2022, dois em cada três bebês internados no sistema público de saúde são pretos ou pardos.
Entre 2018 e 2021, o país registrou 13.202 hospitalização por déficit alimentar de crianças com menos de um ano, destas, 5.246 foram bebês pretos e pardos.
“Ainda precisamos melhorar muito a identificação por raça e cor nos nossos sistemas de informação, mas com os dados que temos é possível afirmar que temos uma proporção maior de crianças pretas e pardas internadas por desnutrição”, afirma o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini.
A Fiocruz aponta que até 30 de agosto deste ano, a rede pública de saúde registrou um total de 2.115 internações de crianças de até um ano de idade por desnutrição. O índice aponta um aumento de 7% em relação a todo ano de 2021.
Segundo o levantamento da Fiocruz, desde 2016 a internação de bebês com idades inferiores a um ano apresenta um aumento, mas chegou a sua pior marca no ano passado, com 113 internações para cada 100 mil nascidos vivos.
Esse índice teve um aumento de 51% em relação a 2011, quando o Brasil registrou 75 hospitalizações de bebês para cada 100 mil nascidos vivos, a menor taxa do período analisada.
O estudo mostra que a região Sul foi a única que detectou uma queda na taxa de hospitalização por desnutrição em menores de um ano entre 2020 e 2021. Entretanto, a região Centro-Oeste foi a que registrou o maior aumento: 30% entre o primeiro e o segundo ano da pandemia. As informações são do Metrópoles.