A programação da edição 2022 do Cineclube Fruto do Mato, em Lençóis, entre os dias 8 e 10 deste mês, privilegia filmes e produções artísticas do território da Chapada Diamantina. Além dos filmes ‘Áurea’, de Hewelin Fernandes, e ‘Oré Payayá’, dirigido pela liderança indígena Edilene Payayá, ambas diretoras que vivem na região, o evento cultural vai apresentar as produções da TiVi Griô, Web TV e Cineclube de Jovens de Lençóis.
Serão lançados nove vídeos do Prêmio Audiovisual do Grãos de Luz e Griô 2022 sobre aula espetáculo apresentada no Festival de Lençóis deste ano. A vigésima aula espetáculo teve o tema ‘Família Grãos de Luz e Griô: 27 anos de Arte e Cultura pela Paz e Resistência’ e abriu a vigésima edição do festival apresentando e valorizando as bandas e grupos de dança e percussão formadas por jovens que frequentaram os cursos do Grãos e se qualificaram como grandes artistas nativos da cidade. Entre eles, estão grupos como Banda Griô, Afrogrãos, Ivana Oyasinila, Percuhitts, Banda Zion, New Clic, Realpagofunk, D´Negri, Dauan Santos, Íntimos e Trietu.
A história do Grãos de Luz e Griô, do casal mais velho de educadores fundadores, das mães e professoras(es) parceiras(os) das escolas fizeram parte dos espetáculos no palco e são temas das produções audiovisuais. Os jovens também ouviram suas histórias e receberam a pedra que liga suas ancestralidades, suas famílias, seus caminhos e sonhos.
Desde 2017, o Cineclube Fruto do Mato promove a exibição de filmes, debates e oficinas audiovisuais no centro histórico do município, reforçando o compromisso com a democratização da linguagem cinematográfica no interior da Bahia. Mais de 50 filmes já foram exibidos ao longo dos últimos cinco anos, entre obras de ficção, documentários e animações, reunindo um público de mais de 2 mil pessoas no Teatro de Arena, no centro histórico de Lençóis. Este ano as sessões de cinema irão acontecer também no distrito de Tanquinho, zona rural do município.
O Cineclube Fruto do Mato, em sua mostra Cinema para Todas, é um projeto aprovado pelo Edital Setorial de Audiovisual 2019, do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA). O evento é realizado pela Cinepoètyka Filmes e pelo Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô com apoio da TiVi Griô, Web TV e Cineclube de Jovens de Lençóis e da Prefeitura de Lençóis.
Dia 1 (08/11) – Sessão de abertura – 19h
– Medida provisória (FIC, RJ, 100min), de Lázaro Ramos.
Em um futuro distópico, o governo brasileiro decreta uma medida provisória, em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, provocando uma reação no Congresso Nacional. O Congresso então aprova uma medida que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de retornar a suas origens. Sua aprovação afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araújo) e pelo advogado Antonio (Alfred Enoch), bem como a de seu primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora com eles no mesmo apartamento. Nesse apartamento, os personagens debatem questões sociais e raciais, além de compartilharem anseios que envolvem a mudança de país. Vendo-se no centro do terror e separados por força das circunstâncias, o casal não sabe se conseguirá se reencontrar. O longa é uma adaptação de “Namíbia, Não!”, peça de Aldri Anunciação que o diretor e ator Lázaro Ramos dirigiu para o teatro em 2011.
Dia 2 (09/11) – “Resistência e Ancestralidade” c/ presença da diretora Edilene Payayá – 19h
– Sessão 1: Oré Payayá (DOC, BA, 15min), de Edilene Payayá.
Conta a história do povo Payayá desde as suas origens ancestrais até o presente de lutas e desafios, passando pelos tempos de diáspora. Os Payayá, originários do interior do estado da Bahia foram considerados extintos durante séculos e a sua cultura foi esquecida e desprezada pela versão oficial da história, contada pelos colonizadores. Porém os descendentes desse bravo povo guerreiro lutam pela afirmação da sua identidade e a retomada dos seus princípios étnicos. Havendo re-conquistado de forma pacífica parte do antigo território nas imediações da Cabeceira do Rio Utinga, o povo Payayá vive determinado na luta para subsistir como tal, unido pela cultura ancestral, buscando valorizar os recursos naturais e a vida na Chapada Diamantina e na Terra.
– Sessão 2: Alágbedé – O Ferreiro dos Orixás (DOC, BA, 12min), de Safira Moreira.
O filme apresenta o caminho que Zé Diabo percorre no processo de feitura das ferramentas de orixá enquanto reocupa o seu arco recém reformado na Ladeira da Conceição da Praia.
Muxima (Doc, BA, 9min), de Juca Badaró.
Dor, colonialismo e fé se misturam na maior manifestação religiosa de Angola.
Dia 3 (10/11) – “Memória e afeto”, com presença de diretora Hewelin Fernandes – 19h
– Sessão 1: Ausência (Animação, SC, 3min), de Alexia Araújo.
Helena só sente a presença de uma coisa: a ausência de Marília.
O Peixe (FIC, RJ, 11min), de Natasha Jascalevich.
Depois de acordar com a cama encharcada e “parir” acidentalmente um peixe, Hanako resolve preparar uma receita com o pescado para tentar encontrar um significado para o acontecimento bizarro.
Irun Orí (DocFic, BA, 9min), de Juh Almeida.
Irun Orí é uma narrativa visual, documental e experimental que se apoia na poesia para trazer à luz um movimento de conexão diaspórica entre Brasil e Moçambique, buscando investigar o ato de trançar enquanto transmissão e preservação de valores ancestrais, geracionais e de afeto, e como importante instrumento de consciência política de espaço, corpo e cabelo, apontando novas dimensões para se pensar identidade negra e memória pelas vias da resistência e para além da estética.
– Sessão 2 (Encerramento): Áurea (Doc, BA, 13min), de Hewelin Fernandes.
O curta-metragem reúne duas sabedorias que se fundem, o conhecimento tradicional da parteira Áurea com o saber científico do médico Áureo.
OBS: Durante os 3 dias, teremos abertura com curtas produzidos pela TIVI Griô, cineclube e webTV gerida por jovens de Lençóis. Com informações de assessoria.
Evento: Cine Clube Fruto do Mato
Onde: Teatro de Arena, centro histórico de Lençóis.
Data: 8 a 10 de novembro.
Horário: a partir das 18h30.