Um dia após anunciar sua saída do grupo de transição na Cultura do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ator e deputado federal Alexandre Frota (PROS-SP) disse ao F5 que decidiu se afastar da equipe por conta de ataques que seus três filhos [Mayã, Enzo e Bella] e a mulher, Fabiana Rodrigues, sofreram nas redes e em lugares públicos.
Ele não dá detalhes sobre os autores das ameaças nem o teor delas. Mas assegura que foram suficientemente assustadoras para que pedisse o boné antes mesmo de começar a trabalhar na transição. “Não me incomodo com pressão e estou acostumado com as críticas, que sempre foram um misto de inveja, covardia e maldade. Nada me amedronta, mas atacar a minha família? O que é isso?”.
Desde terça-feira (22), quando seu nome foi anunciado pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, entre os integrantes do grupo, Frota passou a ser criticado por artistas e pessoas ligadas à cultura nacional, que disseram não se sentir representados pelo ator e ex-apoiador de Jair Bolsonaro.
A lista de insatisfeitos que foram a público protestar contra a “convocação” de Frota é grande. José de Abreu disse considerar o convite “um desrespeito à categoria”, e Pedro Cardoso, o Agostinho de “A Grande Família”, engrossou o caldo: “Erro catastrófico para a cultura e para o país dar relevância a uma pessoa amoral e intelectualmente desqualificada como Alexandre Frota.”
Outra que se manifestou contra o nome de Frota foi a escritora e filósofa Marcia Tiburi. “A presença dele na área de cultura do governo de transição envergonha os agentes da cultura e toda a comunidade ligada ao campo. Errar é humano, contudo, não se deve permanecer no erro”, postou ela em suas redes sociais, marcando os perfis de Lula e Alckmin.
Drica Moraes, Astrid Fontenelle, Zezé Polessa, Malu Galli, Zélia Duncan, Dadá Coelho e a historiadora Lilia Schwarcz também se posicionaram contra a indicação de Frota à equipe de transição.
Não que o deputado tenha aceitado as críticas passivamente. Pelo contrário. Rebateu os dois e, na madrugada desta sexta-feira (25), quando passavam das quatro da manhã, fez um ataque pessoal e abaixo da linha da cintura a José de Abreu, trazendo à tona uma antiga tragédia familiar do ator de “Mar do Sertão.”
Em sua defesa, Frota disse que não correu atrás de nomeação alguma e que, se isso aconteceu, foi porque mereceu. “Nunca pensei em trabalhar no governo Lula e não esperava o convite, mas tenho vários projetos nas pautas culturais. Sou coautor das Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo.”
Deputado federal e namorado da apresentadora Fátima Bernardes, Túlio Gadêlha (Rede-PE), manifestou solidariedade ao ator, e deu a entender que a inclusão de seu nome na lista teria causado ciúmes em colegas da classe artística. “Frota, camarada, tenho acompanhado esse movimento. Acho que você fez o certo. Saiu grande. Muito artista que não foi chamado ficou incomodado com sua nomeação. Lamento que esses ataques tenham chegado a esfera pessoal.” Com informações do Política Livre.