O agressor de Gilberto Gil, que o insultou durante a estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, foi identificado e a polícia catari foi informada sobre a ocorrência. Trata-se do empresário bolsonarista de Volta Redonda (RJ), Ranier Felipe dos Santos Lemache, sócio das franquias Domino’s e Spoleto na região que usava uma camiseta da seleção brasileira amarela com o nome ‘Papito Rani’ nas costas.
A informação é da Tribuna Sul Fluminense e foi confirmada pelo jornal carioca Extra. O empresário atualmente vive nos Estados Unidos e foi para o Catar assistir ao mundial. O que ele não sabia, quando resolver xingar Gil, é que falar palavrões em público, especialmente com o intuito de ofender alguém, é crime no país punível com prisão. Ofender um convidado do país, em público, é um agravante.
Nas imagens, produzidas por seu grupo, os agressores parecem muito orgulhosos da atitude. Mas todo o orgulho pode logo se transformar em arrependimento. Sobretudo porque a identificação de Lemache não foi uma tarefa difícil. Em uma das imagens, é possível vê-lo utilizando uma pulseira da Sky Box, área VIP presente em estádios da Copa do Mundo onde só entram convidados ou pessoas que pagaram altíssimos valores de entrada.
No entanto, há ainda um entrave para que o agressor aprenda uma lição: a vítima precisa se queixar para que as autoridade ajam, mas, segundo informações do jornal O Globo, Gil declarou que não fará uma reclamação.
A nova onda da extrema direita é cometer crimes. É terrorismo, ameaça, injúria. O crime foi filmado, aparentemente o bandido se orgulha do que fez com Gilberto Gil (80 anos de idade), a quem presto toda a minha solideriedade. Vamos tornar o vagabundo famoso. Lixo humano, escória! pic.twitter.com/xTnFX3t9G8
— André Janones (@AndreJanonesAdv) November 27, 2022
Relembre o caso
O cantor e compositor Gilberto Gil, um dos principais nomes da cultura brasileira e integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL), foi hostilizado e ofendido por um apoiador de Jair Bolsonaro (PL). O músico e sua esposa, Flora Gil, estão no Catar para acompanhar a Copa do Mundo. Em vídeo que circula nas redes sociais, Gil, aos 80 anos, estava no estádio para assistir à estreia da seleção brasileira no Mundial, quando foi xingado de “filho da puta”.
O agressor gritava o nome do atual presidente brasileiro. Ele vestia uma camiseta da CBF com o nome “Papito Rani” e seguiu o casal aos gritos de “Bolsonaro” e “Vamos, Lei Rouanet”. Em seguida, disse: “Você ajudou o Brasil para caralho. Obrigado, filho da puta”. Em nenhum momento, Gil e Flora esboçaram qualquer reação. A segurança do local não agiu para impedir o ataque.
Depois da onda de solidariedade que recebeu, o músico Gilberto Gil divulgou em suas redes sociais, neste domingo (27), um vídeo para agradecer o apoio recebido por fãs e amigos. “Nossos agradecimentos, meus e da Flora, enfim, por essa solidariedade, essa corrente solidária, diante dessa agressão, essa coisa estúpida, enfim, é o terceiro turno na verdade, né? Os inconformados querendo manter essa coisa do ódio, a agressividade”, declarou Gil.
“E amanhã, Brasil de novo. De novo nossos agradecimentos, meus e da Flora, a todos vocês que se fizeram solidários conosco nesse episódio. Na verdade, é mais um dessa sequência do ódio, dessa coisa que é o que eles gostam de fazer. Muito obrigado a todos vocês. Bom jogo pro Brasil amanhã”, acrescentou o artista. Redação da Revista Fórum.