A Nescafé lançou um café especial (com notas sensoriais de frutas secas, melaço e rapadura) denominado café social, com lucro revertido para o próprio projeto para mitigar impactos climáticos, parceria com duas consultorias e jovens agricultores da Chapada Diamantina. Esse dado foi confirmado pelo site da Folha de São Paulo que acompanha os debates na Semana Internacional do Café (SIC), feira que reuniu em Belo Horizonte 20 mil pessoas, das quais 3 mil produtores de todo o país.
“Isso não é somente uma obrigação, é uma vontade, porque nós podemos transformar vidas através das coisas que nós fazemos […] Temos isso em várias áreas e uma das melhores formas de fazer isso não é filantropia, é como nós podemos contribuir para melhorar o nosso modelo de negócio e é isso que nós estamos fazendo aqui. É o que nós chamamos de criação de valor compartilhado”, disse Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil, sobre o projeto na região chapadeira.
Os problemas climáticos dos últimos anos e o risco para o futuro, a incerteza em relação ao tamanho da produção de café nos próximos anos e os desafios da sustentabilidade têm gerado debates sobre a cultura, especialmente em Minas Gerais, principal produtor do país. E para resolver todos os dilemas que envolvem a cadeia cafeeira foi tema de discussões no SIC esta semana.
Além das preocupações com o que virá pela frente, os atuais preços do café para o consumidor final geram o receio de estagnação no consumo. Nos três dias do evento, ao menos oito discussões nos vários auditórios do Expominas trataram de temas como geração própria de energia na cafeicultura, gestão de recursos hídricos, ESG, bem-estar no campo, produção orgânica e eficiência no uso de recursos naturais, inclusive com um fórum sobre o tema, dividido em painéis.
O temor apontado pelo mercado é que as severas intempéries climáticas que têm atingido a cultura no Brasil nos últimos anos se tornem permanentes, fazendo com que a oferta de café seja reduzida com o passar dos anos, numa curva inversa à do crescimento populacional. Se isso ocorrer, o café pode acabar se tornando um artigo de luxo. Em 2022, o setor percebeu que há um limite para o aumento de preços, que hoje está perto de R$ 30 o quilo para o consumidor final, na avaliação de Rodrigo Mattos, analista sênior da consultoria Euromonitor.
Palestrante de um painel com atualizações do mercado global e brasileiro acompanhado pela Folha de São Paulo, Mattos disse que, além de crises na economia, global ou interna, o café tem o “aditivo” de ser um produto agrícola. “Ele está também numa crise climática, vivendo essa crise, essa modificação climática muito intensa de estar causando instabilidade muito grande no mercado. A gente teve um pico do preço do café commodity alguns meses atrás, agora ele caiu, mas pode aumentar porque a gente tem geada, granizo ocorrendo em novembro, o mercado está cada vez mais difícil de ter previsão”, disse ele no evento. Com informações da Folha de São Paulo.