Importantíssimo o compromisso do Ministro da Justiça, Flávio Dino, em garantir a prioridade na investigação dos assassinatos de Marielle e Anderson. É um sopro de esperança. Já são 1.755 dias sem respostas. Quantos mais precisaremos contar? Já nutri esperanças, já fiquei com raiva, já desanimei, mas jamais parei de contar os dias de sua ausência e lutar por justiça. Devo isso a ela e a todos que a perderam comigo.
Há 4 anos e 9 meses de um dos maiores casos de assassinato da história do país o Ministro da Justiça, Flávio Dino, se compromete em priorizar as investigações dos assassinatos de minha companheira, a Vereadora Marielle Franco, e seu motorista Anderson Gomes. Há muito tenho dito que enquanto o Governo brasileiro não responder quem mandou matar Marielle, não haverá verdadeira retomada democrática no país. Muitos acham um exagero essa afirmação, acusam de ser uma reivindicação pessoal e familiar. Isso não é verdade.
O assassinato de Marielle foi o estopim de um processo de brutalização da política, onde se deixou claro que há no Brasil um grupo político que é capaz de matar como modo de fazer política, que não tem vergonha – e nem constrangimento – para fazer isso quando se trata de uma mulher negra, lésbica, favelada, socialista e feminista. Nem mesmo sendo ela uma parlamentar eleita em uma das maiores capitais do país.
Marielle virou símbolo da resistência democrática e, justamente por representar a luta contra as injustiças sociais, também se tornou alvo do processo fascista e do aprofundamento da política de ódio entusiasmada pela extrema direita. Isso não é qualquer coisa! Muitos fascistas se elegeram em cima da sua imagem, fazendo oposição à política de Marielle, à sua figura e a tudo o que ela representa.
Lula foi eleito, mas o bolsonarismo não acabou no Brasil. Há uma boa parcela da sociedade civil que ainda acredita que o milicianismo e o justiçamento são formas legítimas de proteção. Há uma boa parcela da população que bate palma para o genocídio negro e para os massacres nas favelas e periferias brasileiras – infelizmente.
Responder sobre quem mandou matar Marielle é frear a barbárie que há muito tempo tomou conta do Rio de Janeiro e que se espraia pelo Brasil, aprofundada ainda mais pela política armamentista do governo anterior e todo seu legado de militarização da vida. Se nem mesmo uma vereadora eleita, em uma instância de poder como uma casa legislativa esteve segura ao defender os direitos humanos e as populações marginalizadas, como assegurar tantos outros que têm morrido consecutivamente nessa verdadeira guerra aos pobres? Como avançar no combate à violência contra a mulher e à violência política de gênero? Como combater o discurso de ódio? Como combater a política de ódio?
Marielle não é apenas um símbolo. Marielle foi companheira amorosa, mãe, filha, irmã e amiga carinhosa. E foi também uma mulher que dedicou sua vida a defender os direitos humanos, o socialismo, o feminismo, a população negra, LGBTQIAP+ e favelada. A elucidação dos mandantes de seu assassinato é uma resposta que o Estado deve à democracia e a todos esses sujeitos. A todos nós que estamos na luta por justiça social, que queremos ver um mundo mais justo. Que os bons ventos da democracia que vieram com a vitória de Lula nos deem logo a resposta sobre esse crime e a justiça a todos os envolvidos. Exigimos saber e não descansaremos enquanto não houver resposta para quem mandou matar Marielle e o porquê. Com informações da Revista Fórum.