No litoral catarinense, o turismo é uma das principais atividades econômicas, graças às belas praias presentes tanto na capital Florianópolis quanto em outros municípios. E depois de duas temporadas duramente atingidas pela pandemia de Covid-19, o verão de 2022-23 tem um novo inimigo “viral”: o norovírus, apelidado de “pesadelo dos cruzeiros”, que já provocou mais de 4.500 casos de diarreia aguda na capital, sendo cerca de um terço dos casos apenas na primeira semana do ano, a mais movimentada da temporada.
Uma análise de amostras de fezes realizada desde dezembro de 2022 pela Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis identificou o norovírus em 63% dos casos. A chegada do vírus à cidade revelou condições ideais para o alastramento de aglomerações resultantes da temporada turística, quando a população da cidade mais que dobrou, aliada à falta de saneamento básico em algumas áreas de veraneio, principalmente na zona norte da Ilha de Santa Catarina.
Ao encontrar condições favoráveis a sua reprodução, o norovírus pode proliferar com rapidez em grupos de pessoas com convívio próximo. É comum que haja surtos em cruzeiros pelo confinamento que a modalidade de viagem naval proporciona naturalmente. Mas há surtos registrados em diversas ocasiões, desde concentrações de equipes esportivas a militares aquartelados, até chegar a uma família ou grupo de amigos que alugou uma casa para passar uma série de dias juntos na praia.
“A transmissão é fecal-oral. Em outras palavras, o norovírus sai de um organismo já infectado pelas fezes e precisa, de alguma maneira, ser levado para a boca da próxima ‘vítima’”, informa Fabiano Ramos, infectologista e diretor do Hospital São Lucas, da PUC-RS, explicou ainda, para a Folha de São Paulo, que “se o vírus estiver presente na própria água encanada, em coliformes fecais, pode infectar uma pessoa a partir do simples ato de uma escovação de dentes”.
Fabiano Ramos informa ainda que “a alta taxa de transmissão entre adultos pode também trazer uma característica até certo ponto positiva do norovírus. Se por um lado ele tem uma alta transmissão e um curto período de incubação, por outro, a maioria das pessoas contaminadas se recuperam das náuseas e diarreias em até 72 horas, obtendo, paralelamente, uma imunidade ao vírus que pode durar em torno de 6 meses”.
Devido ao novo surto, há uma série de simples práticas de prevenção que podem ser eficazes. Além de lavar bem as mãos sempre que for alimentar-se ou ir ao banheiro, também é importante verificar a procedência da água que será consumida: sempre beber água tratada e filtrada, assim como para a adição de gelo a bebidas. Quanto para a alimentação, é importante sempre verificar a procedência e o estado, sobretudo de frutas e verduras, evitar alimentos já descascados ou fora do prazo de validade. Além disso, na hora de pegar uma praia, é prudente evitar aquele cantinho da areia que está próximo a um rio ou córrego e nunca, jamais, beber água do mar. Com informações da Folha