A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri) vem desenvolvendo parcerias para o incremento do plantio de umbu pelo estado. Como uma das ações, a Seagri está em fase de implantação de uma área com 80 plantas, sendo 40 de umbu gigante e outras 40 de umbu cajá. A área experimental vem sendo desenvolvida em propriedade do engenheiro agrônomo Luís Paulo Ferreira Nunes, na cidade de Iraquara, na Chapada Diamantina.
“Firmamos a parceria com o proprietário para termos uma área que sirva de vitrine para o desenvolvimento da cultura na região. Lá teremos coleções de plantas de umbu gigante e umbu cajá, um lugar onde se pode obter mudas de procedência e qualidade para o desenvolvimento de plantios”, comenta o engenheiro agrônomo Assis Pinheiro Filho, que é diretor de Desenvolvimento Agrícola da Seagri.
O plantio das amostras já está chegando à metade do total previsto e a expectativa é de que dessa área possam sair mudas para a região. “Iremos seguir em busca de outras parcerias para incentivar o crescimento do cultivo de umbuzeiros pela Bahia. Mas a partir de mudas selecionadas, de uma qualidade que irá elevar o nível de desenvolvimento da fruta em nosso estado”, complementa Assis Pinheiro Filho.
Marcelo Libório, também engenheiro agrônomo e coordenador de Estudos e Projetos Agrícolas da Seagri, está envolvido na iniciativa desde seu planejamento e destaca que as variedades de umbu que vêm sendo trabalhadas possuem grande potencial comercial.
“As mudas são provenientes de um processo longo de seleção que vem sendo realizada por agricultores de Vitória da Conquista, a partir de uma cooperação com a Embrapa. Então, trazemos para esse projeto de Iraquara plantas que representam o que há de melhor da cultura no semiárido. Pretendemos, com o tempo, ampliar os plantios a partir dessas mudas”, revela Marcelo Libório.
O coordenador de Estudos e Projetos Agrícolas da Seagri também ressalta a importância do umbu para quem vive no semiárido da Bahia. O umbu é uma opção alimentar consumida desde seu estado in natura até preparados como a tradicional umbuzada ou picles feitos a partir de suas raízes.
Somado a isso, “há todo um mercado futuro para a fruta umbu, dentro de um cenário, brasileiro e mundial, de valorização de frutas típicas, de gosto característico e ricas como alimento. O açaí, por exemplo, vem ganhando mercados nacionais e internacionais, e temos importantes plantios de açaí na Bahia. Esperamos, com o tempo, também poder trabalhar o umbu nesses mercados, destacando suas qualidades”, ressalta Marcelo Libório.
Fruta típica brasileira e de grande identificação com a Bahia, o umbu possui alto teor de vitaminas, minerais, fibras e proteínas. Produto de árvore frondosa, rústica e resistente à seca, o umbu ainda é explorado, sobremaneira, de forma extrativista.
A árvore, com muita resistência à seca, transforma-se em alternativa para o plantio no semiárido, com possibilidade de colheitas anuais a partir do quinto ou sexto ano de vida da planta. Amado pelos nordestinos, o umbuzeiro foi chamado de “árvore sagrada do sertão” por Euclides da Cunha em seu livro Os Sertões, hoje um clássico da literatura brasileira.
Projeto Iraquara
O projeto que vem sendo implantado em Iraquara é acompanhado pela Seagri e tem importante apoio do município de Vitória da Conquista, que há 16 anos desenvolve pesquisas e ações com o umbu gigante e o umbu cajá.
“Há algum tempo, conseguimos uma unidade de beneficiamento de polpa de frutas pelo projeto Bahia Produtiva, da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), e logo tivemos a ideia de implementar a cultura do umbu na região, para melhor aproveitamento da unidade de beneficiamento e também para incentivar o plantio dessa fruta no nosso município”, diz o secretário municipal de Agricultura de Iraquara, Jorge Paulo de Miranda.
Ao projeto em Iraquara se associou o engenheiro agrônomo e proprietário rural Luís Paulo Ferreira Nunes, que dedicou 1 (um) hectare de suas terras para ser usado como área experimental para plantio de mudas diversas e selecionadas de umbu gigante e umbu cajá.
“O umbuzeiro é uma árvore resistente e que pode aumentar a renda das famílias, com colheitas frequentes de seus frutos. Pode conviver com consórcio de outras culturas e tem um mercado interessante e em crescimento”, comenta Luís Paulo para depois explicar que o campo demonstrativo implantado em sua propriedade funciona como um exemplo para outros produtores que estejam interessados na cultura e também como banco de mudas. “Temos a capacidade de disponibilizar mudas para quem quiser desenvolver plantios. E nossas plantas são selecionadas, trazendo qualidade a todo o processo”, diz o engenheiro agrônomo
A experiência de Vitória da Conquista
Há 16 anos, a cidade de Vitória da Conquista já vem desenvolvendo um plano de incremento da cultura do umbu na sua região. Atualmente há agricultores que já têm 600, 800 e até 1.000 (um mil) pés de umbuzeiro nas suas propriedades, rendendo lucros.
“Atualmente, Vitória da Conquista possui uma coleção (campo de mudas diferentes da espécie) importante de umbu gigante e umbu cajá. É uma cultura maravilhosa, que atende à questão econômica e também ambiental”, comenta Eduardo Barreto de Castro Filho, que é coordenador de Fomento à Agricultura Familiar da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural de Vitória da Conquista.
“O mercado para o umbu vem se abrindo, principalmente para o umbu gigante, que chega a ser vendido pelo produtor a R$ 1,00 a unidade. Uma planta de umbu gigante oferece de 1,5 mil a 2 mil frutos por colheita. O umbu gigante chega a ter 200 gramas, contra 0,40 gramas, em média, do umbu comum”, dimensiona Eduardo Barreto.