O empresário Francisco Sáenz Valiente, de 52 anos, principal investigado por ter provocado a morte de Emmily Rodrigues, baiana de 26 anos que caiu de um prédio em Buenos Aires, na Argentina, pode ser condenado à prisão perpétua. A informação é do advogado da família da vítima, Ignacio Trimarco, que conversou com a reportagem com exclusividade.
O caso aconteceu na última quinta-feira (30), em uma área nobre de Buenos Aires. O corpo da jovem foi encontrado sem roupa e com sinais de violência. A família de Emmily está na Argentina e acompanha os trâmites da investigação.
O sepultamento será em Salvador, mas ainda não há previsão de quando ocorrerá a cerimônia. Nesta segunda-feira (3), Ignacio detalhou que o caso é tratado pela polícia argentina como feminicídio, ou seja, um homicídio qualificado – nos mesmos moldes da lei brasileira.
Francisco pode ter condenação perpétua porque, em 2012, a então presidente Cristina Kirchner aprovou a lei que determina este tipo de punição para os casos de feminicídios.
A lei argentina estabelece o agravante e a pena para o homem “que matar uma mulher ou uma pessoa que se autoperceba com identidade de gênero feminino”, o que também inclui mulheres trans e travestis. Esta é uma pena maior que a de homicídio sem agravos, que geram reclusão de 8 a 25 anos.
Ignacio afirmou que o laudo da autópsia ainda não foi liberado, e a previsão é de que seja disponibilizado na tarde desta segunda. O investigado, Francisco Valiente, já foi ouvido pela polícia em um depoimento que levou mais de quatro horas. Mesmo alegando inocência, ele segue detido.
O Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Buenos Aires, informou em nota que acompanha o caso com as autoridades argentinas e que presta assistência consular aos familiares da nacional brasileira.
Justiça não acredita no investigado
Francisco sustenta a versão de que Emmily estava sob efeito de bebidas alcoólicas e drogas, e se jogou de uma janela após entrar em surto. No entanto, exames feitos no corpo dele apontam a possibilidade de uma briga entre os dois.
“A Justiça não acreditou [na inocência] porque o acusado tinha lesões pelo corpo, punhos, arranhões que, claro, não eram compatíveis com o fato narrado por ele. Por isso ele foi preso e está sendo acusado de homicídio qualificado”, detalhou o advogado Ignacio.
Também segundo o advogado da família da vítima, as investigações seguem em curso para ouvir testemunhas, e imagens de câmeras de segurança serão analisadas. Além disso, o aparelho celular de Emmily também passará por perícia.
“Estamos com as tarefas de investigação anteriores à autópsia, para determinar quais lesões Emmily Rodrigues teve e, por sua vez, todas as evidências eletrônicas, como as filmagens das câmeras do prédio e todas as informações que possam surgir do celular dela”, detalhou Ignacio.
Ignacio Trimarco confirmou ainda a versão das amigas de Emmily de que a família de Francisco tem forte influência jurídica na Argentina. Segundo o advogado, o investigado possui uma empresa de mineração de petróleo.
Uma das amigas de Emmily, a estudante Manoelle Assunção, relatou que Francisco pertence a uma família rica, que presta assessoria jurídica para um jornal famoso em Buenos Aires. Junto com a defesa, eles estariam usando a influência sóciofinanceira para depreciar Emmily. As informações são do g1/Ba.