O ex-juiz da Lava Jato e atual senador, Sergio Moro (União Brasil-PR), aproveitou a realização do evento religioso Marcha para Jesus neste sábado (20), que levou milhares de pessoas às ruas de Curitiba, para aparelhar tal evento politicamente, insinuando que o Governo Lula e os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassaram o mandato de Deltan Dallagnol (Podemos-PR) estariam com os “corações e mentes” repletos de ódio. Portanto, fora dos ‘caminhos do Senhor’.
“Hoje não é um dia para falar de política, mas para consagrar a Jesus, a Deus. Não sou especialista na Bíblia, mas aprendi que acima de tudo deve estar o amor à Deus e ao próximo. É o principal mandamento de Jesus: ‘amai-vos uns aos outros como eu vos amei’”, iniciou o discurso enquanto cristãos presentes ao evento gritavam o nome do presidente Lula (PT).
Com as mãos trêmulas, o senador prosseguiu e fez suas insinuações: “Este país infelizmente neste momento vive uma fase de ódio no coração e na mente de muitas pessoas. Então eu gostaria de pedir, encarecidamente, que possamos afastar esses maus sentimentos dos corações e mentes das pessoas, principalmente em Brasília, para que possamos seguir adiante”, afirmou.
Em seguida, arrematou o discurso político fazendo uma defesa do ex-colega de operação Lava Jato, com quem combinou sentenças. “Deltan Dallagnol é a pessoa mais honrada que eu conheço. Uma das melhores pessoas que já conheci. Digo isso sem ser um amigo próximo dele, mas pela admiração profissional, pelo trabalho que ele fez para esse país e o quanto ele se dedicou e quantos riscos assumiu. Mas não é só o lado profissional, tem também a vida da família, a forma como trata os amigos, a forma como se dedica cada segundo às causas públicas. E foi esse homem que sofreu, nessa semana, com a cassação do seu mandato”.
Grave 🚨: Marcha para Jesus em Curitiba
Palanque político do deputado cassado Deltan Dallagnol ?
Vídeo/ Deltan Dallagnol pic.twitter.com/xidmUQXT9H
— Eduardo Matysiak (@EduardoMatysiak) May 20, 2023
Possível cassação de Moro
A próxima cassação esperada, após a de Deltan Dallagnol, é a do ex-juiz considerado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Sergio Moro. A coluna de Lauro Jardim fez um levantamento dos prazos para que o senador eleito pelo Paraná perca o mandato por decisão da Justiça Eleitoral. Até o fim do ano, a princípio, o ex-juiz da Operação Lava-Jato, tem seu cargo garantido, se ele não resolver renunciar ou fugir.
De acordo com quem acompanha em detalhes o trâmite jurídico, a ação que pode defenestrar Moro do Senado corre atualmente no TRE-PR e somente no último trimestre o julgamento deve ser finalizado. Se for cassado mesmo, como se espera, ele deverá recorrer ao TSE. Se a Corte máxima da Justiça Eleitoral pautar o julgamento de forma acelerada — o que se acredita que acontecerá — a sessão deve ser marcada para novembro ou dezembro.
A boa nova, portanto, deverá chegar empacotada em forma de presente do bom velhinho de vermelho. A ação a qual Moro responde foi impetrada pelo PL e acusa o ex-juiz de ter usado caixa dois em sua campanha eleitoral. As informações são da Revista Fórum.