De 12 a 14 de outubro, acontece a 9ª edição do Congresso Nacional de Educação (Conedu), que traz este ano como tema ‘Educação para a sociedade: Ciência, Tecnologia e Sustentabilidade. O evento reúne pesquisadores de todo o país, da educação básica a superior, com a realização de palestras, mesas-redondas e apresentação de trabalhos científicos.
O Campus Jacobina do IFBA soma mais de 50 aprovações de trabalhos científicos que serão apresentados durante o encontro, entre os formatos de pôster e comunicação oral, abarcando diferentes temáticas, com destaque para políticas públicas, inclusão, currículo, tecnologias, ciências e educação. Todas as pesquisas foram realizadas por estudantes do ensino técnico integrado ou subsequente, bem como da licenciatura, sob orientação docente.
O trabalho ‘Reutilização de Lixo Eletrônico para Montagem de Fliperama como Ferramenta Educacional’ é um dos destaques da lista. Autoria do técnico em informática Hélder Oliveira, em parceria com o analista de TI do campus e professor Ivo Chaves, e com a bióloga Bruna Iohanna, o estudo contou com a participação dos discentes do curso técnico integrado de informática, Valnei Sousa e João Pedro Brito.
Hélder, que também é músico e fã de jogos e tecnologias, criou um passo a passo explicando o desenvolvimento do projeto. “Montei este Arcade em tamanho original utilizando peças velhas e sobressalentes de computadores antigos, como memória RAM, placa mãe e processador. A ideia principal foi transformar um hardware obsoleto, que viraria sucata (provavelmente descartado em lixo comum), em aparelho multifuncional, já que, além de jogos, também funciona como interface multimídia. Comentei com alguns professores sobre essa iniciativa pessoal e me convidaram para trazer o material na Semana de Ciência e Tecnologia 2022 do Instituto”.
A montagem foi feita com fundo aberto, permitindo a visualização de todo o material utilizado. “Com base no sistema Linux, o projeto com o Arcade Retrogames abre um leque de possibilidades para os estudantes, sobretudo de informática, desenvolverem outros conteúdos de código aberto que dialoguem com as linguagens de programação da grade curricular do curso, como o Atari”, conclui Hélder.
Para a surpresa do maker, a recepção dos discentes foi tão positiva que o jogo acabou ficando no salão de entrada do campus por uns dois meses, sendo opção lúdica nos intervalos das aulas. O próximo passo foi a parceria com os formandos de informática para criação de um novo sistema, a partir de computadores antigos doados ao campus pela Receita Federal.
“Quando pensamos em algo na informática, normalmente pensamos sobre mexer no computador que já está funcional, tendo que pular o processo de ‘montagem’ do dispositivo. Pra mim foi uma experiência totalmente nova! Durante as etapas de restauração do computador foram encontrados diversos erros. Aprendi na prática, principalmente acerca de sistemas operacionais e linguagens de programação”, pontua Valnei.
TECNOLOGIAS & EDUCAÇÃO
Já Deivison Rocha e Hugo Santos, formandos do curso técnico integrado de eletromecânica, sob orientação do professor e mestre em engenharia elétrica Alexandre Akira Kida, estão focados na robótica educacional.
“Aprendemos mais sobre eletrônica e programação para a montagem de um robô sumô, feito com peças de Lego, controladores e sensores de cor, infravermelho, ultrassônico e de toque, além de giroscópio e motores. Nosso projeto pode ter várias aplicações, mas o objetivo principal é usar essa tecnologia nas escolas públicas, tornando o aprendizado acessível e interativo para os estudantes”, destaca Deivison.
A abordagem escolhida pela equipe é a learning-by-doing (aprender fazendo), por meio da qual serão propostas atividades práticas em grupo, incluindo a construção e programação de robôs. Desenvolver o trabalho em equipe, a criatividade e habilidades para resolução de problemas estão entre as possibilidades da metodologia.
Os impactos ambientais dos resíduos sólidos urbanos a partir de estudo de caso no aterro controlado do município será outra pesquisa do campus em foco durante o evento. Elaborado pelas discentes do 4º semestre de meio ambiente (subsequente) Antonieta de Souza e Cleidineia de Oliveira, sob orientação dos professores Marina Aparecida, mestra em engenharia agrícola, e Leandro Prado, doutor em engenharia de processos, o estudo pesquisa incluiu trabalho de campo ao lado da articulação com o poder público e a cooperativa Recicla Jacobina, visando o fortalecimento de práticas de educação ambiental.
Os impactos negativos ambientais e na saúde humana do mercúrio oriundo da atividade mineradora também será tema central de pôster no Conedu. Autoria das jovens Hellen Vitória Sampaio e Ilana Gabriele Santos, formandas de mineração (integrado), a pesquisa pretende otimizar ações de monitoramento e fiscalização das áreas vulneráveis, bem como auxiliar na conscientização de profissionais e comunidades.
“Esse estudo possui uma grande relevância social, uma vez que a contaminação por mercúrio afeta de maneira drástica a biodiversidade local, ameaçando a vida de animais e plantas e prejudicando o equilíbrio ecológico. Além disso, representa um sério risco à saúde humana, podendo causar problemas neurológicos e danos ao sistema nervoso central. Minha atividade principal consistiu na pesquisa e análise de dados, onde buscamos, através de técnicas de geoprocessamento empregadas na obtenção de informações fisiográficas da bacia hidrográfica e da localização dos pontos de garimpos, mapear e identificar as áreas suscetíveis à contaminação por mercúrio proveniente do garimpo ilegal no município de Jacobina, uma vez que essa substância tóxica é amplamente utilizada nessa atividade”, descreve Hellen, orientanda do professor Marcelo Linon, engenheiro de segurança do trabalho e doutor em sistemas hídricos. As informações são de assessoria.