A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável que afeta a qualidade de vida de milhões de pessoas, podendo ser consequência de diversas condições clínicas, como lesões, doenças crônicas, inflamações e até mesmo alguns tipos de câncer. Apesar dos avanços na medicina, o tratamento nem sempre é alcançado com os medicamentos convencionais disponíveis ou muitos pacientes ainda sofrem com os efeitos colaterais indesejados. Nesse contexto, o Canabidiol (CBD), um dos principais compostos encontrados na planta de cannabis sativa (maconha) tem sido objeto de crescente interesse e pesquisa médica para que se torne importante aliado no tratamento da dor.
O médico acupunturiatra, anestesiologista e clínico da dor, Walter Viterbo, defende – quando adequadamente indicado – o uso medicamentoso da substância. Ele justifica dizendo que, além da eficácia na redução da dor, o CBD apresenta vantagens adicionais em comparação com os analgésicos tradicionais. “Os efeitos colaterais são mínimos se comparados aos medicamentos opioides, que podem causar dependência e outros problemas de saúde. O CBD também possui menores riscos hepáticos do que os tradicionais medicamentos anti-inflamatórios não esteroides quando associados ao uso prolongado”, afirmou.
Walter Viterbo também destaca o sucesso da associação entre o canabidiol e sessões de acupuntura. “Cada pessoa responde de maneira diferente aos tratamentos, por isso são prescritos de forma muito individual por profissionais médicos. Mas, com certeza, são dois métodos naturais e menos invasivos que oferecem abordagem alternativa e potencialmente mais sinérgicas e segura para pacientes que enfrentam dores crônicas ou aquelas associadas a condições médicas específicas. Quando os tratamentos são associados aumenta o número de benefícios ao paciente podendo tratar além da dor crônica, a epilepsia, a insônia, ansiedade e doenças degenerativas, como Parkson e Alzheimer”.
Em 2015, por meio da Resolução RDC Nº 3, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), considerou o CBD (Canabidiol) como uma substância medicinal autorizando todo médico a prescrever medicamentos à base desse canabinoide para seus pacientes. Ou seja, retirou o canabidiol da lista de substâncias proibidas e o classificou como medicamento de uso controlado. Naquele ano, a Agência concedeu 850 autorizações para importação de medicamentos. No ano passado esse número ultrapassou a marca de 40 mil liberações. Estima-se que mais de três mil pessoas precisam deste tipo de medicamento em toda Bahia, conforme dados da Associação para Pesquisa e Desenvolvimento da Cannabis Medicinal.
“Vale reforçar que os estudos sobre o potencial da cannabis e produtos derivados estão apenas no início; ainda existem muitos em curso no Brasil e no mundo. Por isso é importante que a população tenha acesso às informações corretas, para que o uso dessa da planta seja desmistificado e cresça cada vez mais como medicina alternativa. À medida em que mais evidências científicas são coletadas, é possível que o CBD se concretize como importante ferramenta no alívio da dor, proporcionando uma melhor qualidade de vida para os pacientes”, reforça Viterbo.
Mitos e verdades
Não há evidências conclusivas dos benefícios terapêuticos da Cannabis
MITO: Esse é um mito que pode ser verdade em alguns momentos. A evidência científica é mais robusta para determinadas composições e condições, como para o CBD na redução de convulsões em epilepsia, ou proporções semelhantes de CBD e THC para tratar a espasticidade em pacientes com esclerose múltipla.
É preciso fumar para obter os efeitos terapêuticos
MITO: Não é necessário fumar para obter os efeitos terapêuticos, não é bem indicada essa forma de se administrar o produto.
A forma de apresentação mais comum à base de cannabis é a solução oral em veículo oleoso. Estes produtos são administrados através de conta gotas, seringas ou copos dosadores, semelhante a um xarope. Também é muito comum encontrar produtos em cápsulas (duras ou moles), pomadas e géis de uso tópico.
Os produtos podem apresentar reações adversas
VERDADE: Embora os canabinoides sejam considerados moléculas seguras, produtos de Cannabis podem apresentar efeitos adversos distintos e geralmente leves, que variam conforme o teor de cada um de seus principais componentes. O profissional médico deve orientar o paciente com relação às possíveis adversidades da escolha terapêutica para cada caso.
É melhor administrar os produtos de Cannabis com alimentos
VERDADE: Para uma melhor e mais rápida absorção dos canabinoides, o mais indicado é administrá-los com alimentos com “triglicerídeos de cadeia média”, encontrados em grandes quantidades nos óleos de coco e de palma. As informações são de assessoria.